O facto de o Algarve ter sido considerado o
melhor destino europeu para praia e Portugal o melhor destino para golfe, deixou-me
uma sensação de amargura quando penso na vida actual da maioria dos portugueses
e no que parece ser o seu futuro. Lembrei-me de muitos outros
"destinos" a que muitos de nós se deslocam e encontram
"ilhas" de bem-estar e luxo cercadas por um oceano de pobreza, de que
se livram a elite do costume e a meia dúzia que subservientemente serve os
"turistas" e torna a sua estadia "fantástica", numa terra "fantástica"
que, nas mais das vezes, nem visitam, não saindo dos "resorts"
"fantásticos para não "ver misérias". Ah, claro, também achamos que
as pessoas desses "destinos" são "fantásticas", mesmo
simpáticas.
Talvez seja esse o nosso destino, como alguns
defendem, a Flórida da Europa, "destino" muito interessante para
visitar, mas pouco atractivo para viver.
Com um lema SPA – Portugal (Simpatia, Profissionalismo,
Atenção) ninguém
nos bateria como destino turístico e não só no ALL Garve. Vejam. Com a
introdução do inglês no 1º ciclo extraordinariamente bem-sucedida, a
comunicação com estrangeiros já não é um obstáculo. Com o sucesso das Novas
Oportunidades, os portugueses profissionalizaram-se e o tempo do pano às costas
e um palito na boca nos serviços de restauração acabou. Tudo quanto é paisagem
interessante passa a PIN (Projecto de Interesse Nacional) e, consequentemente,
transforma-se em resort fantásticos e campos de golfe fantásticos em cada
distrito, concelho ou freguesia ou bocadinho de praia ou campo ainda não
destruídos.
Ao mesmo tempo, cada turista passa, ele próprio,
a ser também um PIN (Projecto de Interesse Nacional) daí o ser tratado com
Atenção. Temos pobres e zonas degradadas que poderão dar um ar de exotismo
permitindo excelentes fotografias em safaris especializados, um nicho de
mercado com muitos clientes que depois mostram aos amigos as fotografias que
tiraram aos indígenas, até com algum risco, convém dizer para impressionar. Temos
o Special One, o CR7 para além do fado e do vinho do Porto que espelham a nossa
qualidade.
Por fim, somos respeitadores e bem comportados
com os estrangeiros, especialmente com os que cá metem dinheiro, e ainda temos uma polícia de costumes a ASAE de uma
eficácia inultrapassável que zelará pela qualidade de vida de turistas e
empregados, nós.
PS – Temos uns políticos assim para o fraquinho
mas podemos prometer que não os deixamos incomodar os turistas, nós já estamos
habituados. Pede-se à ASAE uma ajuda.
Seu post revolveu meu baú de memórias que eu já pensava terem sido destruídas de forma natural e sem dor.
ResponderEliminarRecordo agora que no auge do Salazarismo e em plena miséria,degradação, perseguição ideológica e exclusão social, os agentes de turismo, inclusive taxistas, estavam proibidos (correndo risco de cassação de carta) de conduzirem turistas aos resorts de lata e madeira que literalmente circundavam Lisboa.
O regime era oligárquico mas tinha vergonha das suas misérias.
Agora, a democracia desavergonhada e extrovertida mostra o que resta dos paraísos da degradação.
Talvez até dizendo:- Estão a ver ? Antigamente quem vivia em bairros de lata eram apenas emigrantes que vinham de outras partes do país (beirões, transmontanos, alentejanos) para trabalhar na capital, principalmente em tarefas mais duras e até perigosas. Agora nos bairros de lata vivem apenas romenos, ucranianos, bielorrussos marroquinos e argelinos, tudo gente de África e do Leste Europeu, que até ajudam a engordar o PIB.
Mas estes é para preservar o STATOS senão estragamos as fotografias e os bilhetes postais.
saudações