António José Seguro anunciou ontem a intenção do
PS apresentar até ao fim do ano uma proposta de alteração da lei eleitoral
visando a redução do número de deputados. É um ponto que entra na agenda com alguma
regularidade ligando a ideia, sobretudo, aos custos do actual número, 230
deputados. Em Fevereiro de 2011, o então Ministro dos assuntos Parlamentares,
Jorge Lacão, manifestou essa ideia que foi liminarmente rejeitada por Francisco
Assis, na altura o líder da bancada parlamentar. Vejamos a ideia de Seguro resiste
ou não passa de algo inconsequente, como muitas das propostas dos líderes políticos que surgem na
espuma dos dias.
Do meu ponto de vista, parece-me necessário
sublinhar que a democracia e as suas instituições têm custos e embora estejamos
num sério período de dificuldades económicos, ainda que aceite a redução do
número de deputados, esta não me parece ser a questão central em matéria de
Parlamento assim como o risco da diminuição da representatividade das
diferentes forças políticas que pode ser controlado com ajustamentos à lei eleitoral.
Na verdade, julgo bem mais preocupante e carecer
de mudança profunda o deplorável uso e abuso da chamada disciplina partidária,
ou seja, os deputados são eleitos pelos cidadãos, respondem perante os cidadãos
mas o partido é dono das suas consciências, dos seus valores. É deprimente e
patético o comportamento de boa parte dos deputados que funcionam carregando no
botão a mando da liderança da bancada.
Uma outra questão remete para o modelo de
organização política e da lei eleitoral. Tenho para mim que boa parte dos
cidadãos eleitores apenas conhecem, se conhecerem, os primeiros nomes das
listas sendo que os restantes nomes são gente quase desconhecida e que por aparelhismo
ou acerto de favores integram as listas em lugares elegíveis. Continuam durante
toda uma legislatura uns ilustres desconhecidos para quem os elegeu e perante
quem são responsáveis.
Finalmente, uma outra questão, a promiscuidade de
muitas dezenas de deputados com interesse e negócios que conflituam coma sua
acção no Parlamento com sucessivamente tem vindo a ser denunciado pela Transparência
e Integridade - Associação Cívica. Por outro lado, dada a manifesta
impreparação de muitos deputados e ligação despudorada entre a política e os
negócios, boa parte da produção legislativa, a competência dos deputados,
decorre fora da Assembleia da República, no interior dos grandes escritórios de
advogados que, posteriormente, são os principais beneficiados da má qualidade
das leis que eles próprios produzem, ganhando fortunas em pareceres e
cunsultoria.
Estas questões, entre outras, parecem-me bem mais
relevantes que a redução do número de deputados que, independentemente de me
parecer de considerar, é sobretudo uma medida de natureza populista e algo demagógica.
O Seguro e o PS estão a ser autênticos populistas com este tipo de propostas. Uma vergonha!!!
ResponderEliminarSabemos que houve um corte de 30% no orçamento da Assembleia da República e que muitas regalias dos deputados foram abolidas.
E também sabemos que os deputados não se sentam apenas durante os plenários, tendo muitas outras competências.
E não é pela redução de deputados de 230 para 180 que a democracia vai ter melhorias ou que as poupanças vão ser significativas.
Seguro está a comportar-se como o popularucho que espera por eleições (antecipadas ou não) para ganhar o poder. Isto para que António Costa não o ultrapasse na liderança do PS...
Quanto à promiscuidade entre deputados e grupos de interesse privados estamos completamente de acordo...
A qualidade da Democracia é o sumo das políticas praticadas. Se os políticos forem honestos e terem como objectivo apenas o interesse da comunidade, num todo e não apenas em determinadas classes, a Democracia é o melhor sistema do Mundo. De contrário é opressão democrática.
ResponderEliminarO problema não reside na quantidade de deputados mas sim em tudo o resto que o Senhor escreveu.
Tendo em conta apenas países com população idêntica (em número, claro) a Portugal, o nosso ratio é de 1 deputado por cerca de 45.000 habitantes, o mais alto (penúltimo) num universo de 11 países da Comunidade Europeia: Suécia( 1 deputado por 25.000 habitantes), Filândia, Hungria,Irlanda Dinamarca, Austria, Esliváquia, R. Checa, Grécia, Portugal, Bélgica ( 1 deputado por 54.700 habitantes ).Por ordem de ranking.
Quando os senhores da política caseira falam em reduzir deputados, como se fosse o resolver de todos os nossos problemas, é puro populismo. è dizerem o que sabem que o povo gosta de ouvir.Chamo a isto, no mínimo, desonestidade política e intelectual.
Quando abordam o tema da alteração da lei eleitoral, têm em mente apenas a forma como a alteração os pode beneficiar e prejudicar qualquer outro partido.
saudações
Senhor Pedro
ResponderEliminarNão lamente as muitas competências e horas de trabalho que os deputados têm.
POR FAVOR CONSULTE OS VENCIMENTOS E REGALIAS DOS NOSSOS REPRESENTANTES NO HEMICICLO DA ASSEMBLEIA DA REPÚBLICA.
Quanto ao resto tem himalaias de razão.
saudações