São hoje conhecidos os resultados da 2ª fase dos
exames nacionais do secundário. Nada de substancialmente diferente face aos da
1ª fase, antes pelo contrário, mantém-se a média negativa na generalidade das
disciplinas, com alguns agravamentos.
Não me parece particularmente relevante o valor
próprio dos resultados a não a ser, naturalmente, o registo das médias
negativas no Secundário.
Afirmo esta “menorização” dos resultados porque
de há muito os exames funcionam como arma de gestão política do sistema o que,
do meu ponto de vista, relativizam os seus resultados, sejam eles melhor ou
piores.
O que me parece mais pertinente é a discussão em
torno do que fazemos com os resultados dos exames.
Estes resultados são consequência e não causa o
que, obviamente, é um lugar-comum. São, naturalmente, consequência dos
processos de ensino e aprendizagem prévios ao momento do exame.
No entanto, do meu ponto de vista, este
entendimento não é tão óbvio quando olhamos para algumas das medidas da PEC –
Política Educativa em Curso que não me parecem contributivas para melhorias nos
processos de ensino e aprendizagem que conduziriam a melhores resultados em
situação de exame. Alguns exemplos que julgo significativos.
Quem conhece de forma razoavelmente próxima os
territórios educativos portugueses dificilmente compreenderá como o aumento do
número de alunos por turma no Secundário, até 30 alunos, possa contribuir para
melhorar resultados. Com a insistência na política de agrupamentos e
mega-agrupamentos o número máximo será facilmente atingido.
Também me parece difícil entender que na fórmula
de cálculo de crédito de horas das escolas para, por exemplo, actividades de
apoio extra curricular apoio, um dos factores seja justamente as notas dos
respectivos alunos em exames nacionais, ou seja, uma perversa forma de ter mais
apoios para os melhores e menos apoios para os que experimentam dificuldades.
Finalmente, os cortes de recursos docentes que já
se verificam e esperam criarão certamente constrangimentos ao trabalho de apoio
e ensino nas escolas que ajudem a ultrapassar dificuldades de alunos e
professores.
Temo que a discussão em torno dos resultados
continue sobretudo centrada em questões como a maior ou menor dificuldade dos
mesmos ou no estabelecimento dos rankings que fatalmente aparecerão, e não nos
aspectos fundamentais, como melhorar a qualidade dos processos de ensino e
aprendizagem que, por aqui sim, promoverão melhores saberes e competências
traduzidas em exames.
Muitos professores no próximo ano não terão apenas turmas maiores terão também mais níveis para ensinar. No ano que agora acabou eu tinha 2 níveis, mas para o ano terei 4: Filosofia ao 10º e 11º, Sociologia e Área de Integração num CP. Enquanto isso colegas com horários zero andarão a dar apoios e fazer coadjuvâncias.
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