Daqui deste canto onde me encontro a ver passar um mundo
cheio de momentos de paraíso, a Ilha das Flores, duas notas.
A primeira remete para a descoberta de um Merendário.
Certamente por distracção minha, não é particularmente difícil que tal
aconteça, nunca tinha visto um Merendário que, como será óbvio, se trata de um
espaço preparado para picnics e merendas. Pois na Fajã Grande, Ilhas das
Flores, bem perto da zona balnear, está um Merendário muito bem equipado com
mesas, cadeiras, guarda-sol e espaço para churrasco a que não falta a lenha.
Ainda bem que tal estrutura existe, pois quase todos os fins
de tarde alguma família ou famílias está no Merendário a preparar uns petiscos,
cujo aroma obriga um transeunte como eu a desviar a rota para evitar a tentação
de se fazer de penetra no Merendário. Bela ideia.
A segunda nota para uma cena que na minha infância me era
familiar mas que acreditava em desuso.
Na zona balnear da Fajã Grande, enquanto apanhávamos um
solzinho nos intervalos do banho de mar, reparo em três personagens dentro de
água que chamaram a minha atenção pelo berreiro infernal que a personagem mais
pequena, uma gaiata de uns quatro anos fazia. A personagem mãe, creio, e a
personagem avó, creio, dividiam entre si a muito estimulante tarefa de obrigar
a miúda estar dentro de água numa zona onde certamente já não tinha pé.
A pobre da miúda em
pânico queria voar dali, mas as personagens adultas, diligentemente,
prolongavam o pânico e a gritaria da miúda que desesperadamente procurava fugir.
A cena prolongou-se por intermináveis minutos até que a tortura acabou.
O mundo é estranho, ao lado do Merendário, um convite a que
as famílias o sejam, uma família que manifestamente procura não o ser. Na
verdade, as famílias não servem para assustar os miúdos.
:) interessante também é ver quando a mãe/avó se agarram com unhas e dentes aos miúdos para elas próprias entrarem na água, numa completa inversão de papeis.
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