Hoje, dia 15, acrescentei um marco à
estrada que tenho vindo a percorrer. Já vão muitos mas estou, confio, ainda
longe de os plantar todos.
Tem sido uma estrada, quase
sempre, boa de fazer, felizmente. Umas vezes mais sinuosa e com umas subidas
empinadas que puxam pelas pernas, outras vezes mais planas e com andamento
tranquilo e até apareceram pedaços de chão pela frente em que foi preciso
correr. Encontrei muita coisa pelo caminho, coisas mais bonitas e coisas menos
bonitas. Também vi algumas coisas feias, mesmo muito feias. Nestes últimos dias
de chumbo vai-se vendo muita coisa feia.
A estrada tem-me levado a muitas
paragens, algumas nem sequer sonhadas nos tempos em que ainda me estava a fazer
ao caminho. Nessa altura nem os sonhos passavam por tão longe.
Em algumas situações, os tropeços
do andar doeram, não se esquecem mas aquietam-se, de mansinho. Às vezes, só às
vezes, o tempo ajuda. Também muita coisa aconteceu que me deixa satisfeito por
a estrada ter passado por ali, por aqui, foi, é, bom. Tudo isto faz com que
carregue uma mochila cheia, ainda maior que a dos miúdos pequenos quando vão
para a escola. Vai cheia de memórias, das boas, das que a tornam leve e nos
fazem parar de vez em quando, a uma sombra no verão, ao pé do calor no inverno,
para as revisitar e também das outras, das más, das que a tornam mais pesada e
das quais nos queremos libertar. Não conseguimos. Quase nunca.
Cruzei-me com muita gente que me
ajudou, e ajuda, a andar o caminho, nunca só, ainda bem. É imperativa uma
referência à Mulher que caminha comigo há quase quarenta anos e a um Filho que
se fez Gente, da Grande. É verdade que também vi gente má, gente que não gosta
de gente, pois se gostasse não trataria a outra gente assim.
E, como diria o velho Ti Matosa,
uns bocados a pé, outros a andar, vou continuar a cumprir a estrada, com a
atenta inquietude que aqui me trouxe e comigo certamente caminhará. Espero.
Que continue a colocar muitos mais marcos na sua estrada, professor!
ResponderEliminarAnabela
Obrigado
ResponderEliminarParece impossível, um homem de esquerda como o professor, nascer num dia santo. Afinal está abençoado. Parabens!
ResponderEliminarAbraço
António Caroço
Era por ser feriado, santo foi um bónus
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