Está a chegar o tempo da apanha da azeitona. Apanhada a que se destina a conserva, amanhã começamos a lida para apanhar a que irá para o lagar e voltar como azeite e do bom. Este ano a produção parece “escapatória” como como diria o Mestre Zé Marrafa se estivesse ainda connosco.
Uma chuva que não veio ainda a
tornaria mais grada, mas se não vier alguma ventaneira por estes dias, será
razoável. Vamos ter ainda uns dias de lida até darmos conta do recado. Falo no
plural, mas desta vez e com tristeza estou de fora, os parafusos da coluna não
rimam com as tarefas de apanhar azeitona.
A apanha da azeitona pelo método
tradicional não é tarefa fácil, substitui bem umas idas ao ginásio. Ao fim de
algum tempo, o varejador ou as varas, apesar de serem de carbono, já pesam e ao
fim do dia, o cansaço é bravo. Felizmente, vou contar com a ajuda preciosa do Carlos
e do Luís, gente vontadeira e sabedora para varejar, apanhar, ensaca, carregar
e entregar no lagar.
Parece estar a baixar a entrega
por parte dos pequenos agricultores com as grandes herdades convertidas ao
olival intensivo e com lagares próprios, tudo com custos que todos iremos pagar.
Há sempre tempo para umas lérias
no lagar, claro estamos no Alentejo, e os temas de conversa vão surgindo, mas
quase sempre, não podia deixar de ser, andam à volta dos enleios e das molengas
em que a vida da gente se transformou e da dificuldade de encontrar quem ajude
na apanha.
Acho que só lá para o fim de
Janeiro, quando voltar ao lagar para buscar o azeite, com o ambiente quentinho
das enormes salamandras que impede o azeite de coalhar e o cheirinho
inconfundível do azeite novo é que me vou esquecer das agruras da apanha da azeitona. Mas, no fundo, sabe bem o cansaço manso que deixa.
São também assim os dias do
Alentejo.
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