AS MINHAS CONVERSAS POR AÍ

domingo, 19 de outubro de 2025

O TEMPO DA AZEITONA

 Está a chegar o tempo da apanha da azeitona. Apanhada a que se destina a conserva, amanhã começamos a lida para apanhar a que irá para o lagar e voltar como azeite e do bom.  Este ano a produção parece “escapatória” como como diria o Mestre Zé Marrafa se estivesse ainda connosco.

Uma chuva que não veio ainda a tornaria mais grada, mas se não vier alguma ventaneira por estes dias, será razoável. Vamos ter ainda uns dias de lida até darmos conta do recado. Falo no plural, mas desta vez e com tristeza estou de fora, os parafusos da coluna não rimam com as tarefas de apanhar azeitona.

A apanha da azeitona pelo método tradicional não é tarefa fácil, substitui bem umas idas ao ginásio. Ao fim de algum tempo, o varejador ou as varas, apesar de serem de carbono, já pesam e ao fim do dia, o cansaço é bravo. Felizmente, vou contar com a ajuda preciosa do Carlos e do Luís, gente vontadeira e sabedora para varejar, apanhar, ensaca, carregar e entregar no lagar.

Parece estar a baixar a entrega por parte dos pequenos agricultores com as grandes herdades convertidas ao olival intensivo e com lagares próprios, tudo com custos que todos iremos pagar.

Há sempre tempo para umas lérias no lagar, claro estamos no Alentejo, e os temas de conversa vão surgindo, mas quase sempre, não podia deixar de ser, andam à volta dos enleios e das molengas em que a vida da gente se transformou e da dificuldade de encontrar quem ajude na apanha.

Acho que só lá para o fim de Janeiro, quando voltar ao lagar para buscar o azeite, com o ambiente quentinho das enormes salamandras que impede o azeite de coalhar e o cheirinho inconfundível do azeite novo é que me vou esquecer das agruras da apanha da azeitona. Mas, no fundo, sabe bem o cansaço manso que deixa.

São também assim os dias do Alentejo.

Sem comentários:

Enviar um comentário