AS MINHAS CONVERSAS POR AÍ

segunda-feira, 12 de agosto de 2024

E-SONHO DE UM DIA DE VERÃO

 O sonho será porventura a actividade mais democratizada e acessível da espécie humana. Parece acessível a todos os estatutos e condições. É certo que já me cruzei com pessoas que me impressionaram pela atitude de nada esperar da espécie de vida que têm e por não parecerem sequer capazes de comprar um sonho. Apesar da eventual discordância de alguns psicólogos, o sonho tem ainda a vantagem de permitir o acesso a tudo, não tem aparentemente limites, é completamente aberto, cada um pode sonhar o seu sonho, seja ele qual for.

Não é muito frequente recordar-me dos meus sonhos, dos bons ou dos maus. É bastante mais usual sonhar quando estou acordado, bem acordado. E nestas ocasiões, como é de esperar, quase só me acontecem sonhos bons e sem limites.

Como este que de acordo com os tempos que correm, de transição digital, é um e-sonho de um dia de Verão, mais um dia muito quente por aqui no monte.

Um dia, os miúdos terão pela frente uma banda larga onde caiba o seu projecto de vida.

Um dia, os miúdos estarão ligados a redes sociais que os protejam.

Um dia, os miúdos poderão navegar sem problemas a caminho do futuro.

Um dia, os miúdos não estarão, quase que exclusivamente, acompanhados por um ecrã.

Um dia, os miúdos apenas receberão e enviarão sms com boas notícias.

Um dia, conseguiremos que a felicidade não seja, para muitos miúdos, apenas realidade virtual.

Um dia, os miúdos poderão realizar downloads e uploads de afecto.

Um dia, haverá um GPS capaz de evitar que algum miúdo se perca.

Um dia, o mundo terá um ambiente mais amigável para os miúdos.

Um dia, os miúdos terão um antivírus eficaz no combate ao conhecido vírus “maus-tratos”.

Um dia, não teremos conflitos de software, os programas de apoio aos miúdos serão compatíveis com as suas necessidades.

Um dia, o bem-estar será portátil e acessível, qualquer miúdo o pode usar.

Um dia, os miúdos poderão chumbar pais ou professores que não correspondam ao que deles se espera.

Um dia, não precisaremos de bater sempre na mesma tecla, “Lembrem-se dos miúdos, de todos os miúdos”.

Um dia ...

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