AS MINHAS CONVERSAS POR AÍ

domingo, 11 de agosto de 2024

A ABAFURA

 Por aqui no Alentejo, mas creio que por todo o país, em particular no interior, o calor aperta.

Como é muito frequente, sobretudo quando estou no monte, lembrei-me do nosso querido Mestre Zé  Marrafa que continua numa situação que não merecia, o seu Deus não o protegeu “levando-o”, peço desculpa pela frieza, mas o sofrimento é sempre … sofrimento, para todos. E aqui nós gostamos muito do Mestre Zé, quase trinta anos de lida e de lérias e sempre de aprendizagem e afecto.

E lembrei-me porque mais uma vez em Agosto se fala do tempo quente no Alentejo e dos alertas que o anunciam.

Sempre nos ríamos, quando o Mestre Zé dizia, a rir com os olhos pequeninos, deviam mandar alertas é se viesse frio, agora calor em Agosto, queriam que viesse quando, é o Alentejo.

É verdade Mestre Zé, no Verão o Alentejo é calor, é assim que é o Alentejo e é assim que gostamos do Alentejo no Verão.

Mas sabe Mestre Zé, o calor em demasia está cada vez mais frequente, e não só nos mais habituais meses de Julho e Agosto. A natureza não perdoa a quem a maltrata, traz a seca, uma seca grande e malina. A seca come o nosso Alentejo.

Não adianta pintá-lo de verde com as culturas superintensivas de olival ou amendoal que irresponsavelmente e criminosamente vão aumentando, a terra por baixo vai morrendo e a seguir irá morrer por cima.

Se não atalharmos caminho, ainda estamos a tempo assim queiram os homens, vamos ficar com o deserto, com uma terra nua por cada vez mais tempo. E nessa altura que terão os nossos netos?

Desculpem lá o desabafo pouco optimista, se calhar foi por causa do calor, mas … o Alentejo é sempre lindo, tem com o amarelo e castanho do tempo desta abafura, como por aqui se fala.

Não quero imaginá-lo um deserto.

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