Ao passar pelo blogue do sempre atento João Adelino Santos, Incluso, fiquei a saber que o Conselho Nacional de Educação tinha divulgado um “Referencial para a Inovação Pedagógicanas Escolas”.
Algum afastamento decorrente da
aposentação terá levado a que não me dei conta da realização de um Seminário em
que o Referencial foi analisado por um conjunto alargado de especialistas e a
sua construção também envolveu, cito , “um grupo diversificado de atores –
IAVE, DGE, DGEstE, IGEC, diretores de CFAE, Presidente da Confederação da
Associação de Pais, diretores de agrupamentos de escolas, coordenadores de
projetos de inovação, educadores e educandos.”
Peço desde já desculpa, será
conversa de velho e corro o risco de ser injusto, mas, já aqui o tenho
referido, cansa a recorrente narrativa da inovação. Por outro lado, e como
também já disse, não simpatizo com a insistência sobre a necessidade de
inovação em educação ou de uma "nova forma de ensinar".
Mudar algo na forma como se faz
não é o mesmo que inovar, fazer qualquer coisa de novo. Nestas matérias, talvez
de forma simplista, mas é intencional, penso como Almada Negreiros quando
referia na "Invenção do Dia Claro”, "Nós não somos do século de
inventar palavras. As palavras já foram inventadas. Nós somos do século de
inventar outra vez as palavras que já foram inventadas”.
Dito de outra maneira, já
conhecemos as palavras da educação, apenas temos que ir ajustando o que fazemos
com elas.
As escolas são o agora, o
presente, e é neste presente que se constrói o futuro. Não existem poções
mágicas em educação por mais desejável que possa parecer a sua existência e
desafiante a chuva de discursos e projectos de inovação.
Também sei, tantas vezes escrevo
e afirmo, que são necessárias mudanças que acompanhem o tempo. As mudanças
reflectem-se em dimensões como currículo e organização, práticas e
metodologias, autonomia, organização e recursos das escolas, valorização dos professores,
etc.
Por outro lado, e como disse, não
simpatizo com a recorrente referência à inovação, ao “novo” incluindo alguns
discursos da tutela que são velhos de tanta inovação. O desenvolvimento das
comunidades exige ajustamentos regulares no que fazemos em matéria de educação
e em todos os patamares do sistema, este é que é o grande desafio. Umas vezes
melhor, outras vezes com mais sobressaltos, temos feito um caminho importante e
muito mais ainda vamos ter que fazer, mas os ajustamentos que decorrem da
regulação e avaliação não têm que ir atrás da “mágica” ideia da inovação.
Tal como as crianças que só
aprendem a partir do que já sabem, nós também só mudamos a partir do fazemos e
do que sabemos. Este processo assenta num processo que deve ser robusto e
apoiado de auto-regulação e regulação que envolve actores e estruturas, ou
seja, o aluno, o professor, a escola, o ME, o sistema educativo. Dito de outra
maneira, a escola do futuro, seja lá isso o que for, constrói-se valorizando e
cuidando da escola do presente, como disse acima, o futuro é agora.
Confesso que me preocupam mais os
tratos que a escola actual recebe, que a inovação da escola do futuro.
Mais uma vez desculpem o risco de
ser injusto, mas já sinto cansaço face à narrativa da "inovação".
Nem de propósito,
ResponderEliminarhttps://dererummundi.blogspot.com/2023/11/a-figura-do-duplopensar.html
Olá Rui, obrigado pela interessante referência.
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