AS MINHAS CONVERSAS POR AÍ

quarta-feira, 3 de agosto de 2022

O CAJÓ FOI AO FÓRUM

 Com o tempo de calor áspero que está, o meu amigo Cájó, o que é mecânico e tem um Punto todo kitado que é a menina dos seus olhos, achou por bem, para passar um bocado de tempo no Domingo à tarde, ir com a família até ao Fórum, o centro comercial da zona. Quando acabaram o franguinho que o Cajó foi buscar à churrasqueira Kátespero, mesmo ao lado de casa, disse para a mulher, “Odete, produz-te, arruma os putos que vamos dar uma volta até ao Forum, mas aviso já que não há compras p’ra ninguém”. Um bocado de gel no cabelo, os ténis brancos e a calcinha bem justa e curtinha, os óculos escuros na testa e tá pronto. Enfiaram-se no Punto e lá foram. Não começou muito bem, pois não foi fácil encontrar lugar para o Punto. O Cajó que é um rapaz sem grande paciência pôs-se logo a protestar, “ainda dizem que há crise, que a gasolina tá cara, tá cara, mas é para mim, já viste Odete a quantidade de pessoal que tá para aqui”. Lá chegaram.

A volta começa sempre pelo café. Como de costume, o Cajó acompanha-o com meio uísque Cutty Sark, a Odete toma um carioca e instala-se a primeira discussão. O Tolicas, o mais velho, meteu na cabeça que queria uma cola e a Micas um sumo. O Cajó manda-se ao ar, “vocês pensam que eu sou rico? Inda agora ao almoço viraram uma garrafa grande de cola e já querem mais outra vez, não há cola nem sumo p’ra ninguém, eu avisei”, os putos amuaram e o caldo ficou entornado porque a Odete pôs-se do lado deles a chatear o Cajó.

Andaram mais umas voltas, o Cajó foi à FNAC ver os GPS novos e diz à Odete que vai pedir à sogra para lhe oferecer um. Nova discussão, a Odete acha que faz mais falta um micro-ondas novo, que o GPS não serve para nada porque o Cajó conhece bem os caminhos por onde anda com o Punto, o Cajó, já passado, defende-se e diz que até parece mal ser o único gajo lá na oficina que não tem uma porra de um GPS. Vamos a ver como acaba.

Às tantas, entraram na loja dos perfumes e entretiveram-se a experimentar tudo o que lá havia e era muito. De repente, a Odete arranja uma bronca com uma empregada porque ela não largava o Cajó para mostrar perfumes novos. O Cajó viu-se um bocado aflito com a cena, mas a Odete lá o conseguiu arrastar para fora da loja, não sem antes ele ter conseguido dizer à empregada, boa comó milho, que passaria lá ao almoço durante a semana. Foram buscar o Tolicas e a Micas que tinham ficado na FNAC a ver jogos e foram lanchar. É a parte que o Cajó gosta mais, a seguir à empregada da loja de perfumes, afiambra-se com uma bifana e mama duas médias, a Odete orienta-se com um cachorro e os putos tomam banho num balde de pipocas acompanhado de cola. O Cajó avisa, “com o que custou este lanche, o jantar está feito”.

Deram mais umas voltas, mas a confusão era tanta que o Cajó deu ordem de retirada.

Foram à procura do Punto e ao chegar a casa, o Cajó ainda dizia para a Odete, “crise, qual crise, viste o monte de pessoal que andava ali? Há crise, mas é p´ra mim, queria meter umas jantes novas no carro e não tenho guito”.

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