Da viagem diária pela imprensa retive duas informações.
No próximo ano lectivo quase triplicará o número de alunos que trabalharão com manuais digitais. Neste ano lectivo o projecto envolveu 24
agrupamentos com 3700 alunos do 3º ao 11º ano. No próximo ano serão 66
agrupamentos e cerca de 12000 alunos. Vai-se cumprindo a longa marcha para a
transição digital.
Uma segunda referência relativa a mais uma esperada
divergência entre a Sociedade Portuguesa de Matemática e Associação dos Professores
de Matemática sobre o programa de Matemática para o ensino secundário que está
em discussão pública.
Não tenho a menor dúvida sobre a importância
dos recursos educativos e da sua adequação aos tempos que vivemos, como também não
tenho dúvidas sobre a necessidade de adequação dos currículos, questões que
aqui vou abordando.
No entanto, nos tempos que a educação escolar vive importa reforçar
o papel crítico dos professores e sabemos que sérios problemas afectam o
desempenho deste papel, desde logo a falta de professores. Esta será, creio, provavelmente, a
questão mais relevante e de maior impacto nos próximos anos.
Como também tenho por aqui escrito e afirmado, é urgente
repensar a carreira docente, considerando dimensões como o recrutamento, o
ajustamento na formação, o modelo de carreira, o modelo de avaliação e
progressão, a valorização do estatuto salarial dos docentes, a promoção da sua
valorização profissional e social ou a desburocratização do trabalho dos
professores, entre outros aspectos.
Importa sublinhar que também sabemos que os sistemas
educativos com melhor desempenho são também os sistemas em que os professores
são mais valorizados, reconhecidos e apoiados.
Ao abordar estas questões sempre recupero uma afirmação
produzida em 2000 pelo Council for Exceptional Children, entidade dos EUA,
"O factor individual mais contributivo para a qualidade da educação é a
existência de um professor qualificado e empenhado".
Eu ao último parágrafo acrescentaria, ... e valorizado.
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