Foi divulgado recentemente pela OCDE o trabalho, “Review of Inclusive Education in Portugal” a que na altura fiz referência e que o Público retoma.
O estudo implicou a análise a 6
agrupamentos nos quais encontrou “um ambiente genuinamente inclusivo”, o que
naturalmente é bom e em linha com a apreciação de que a legislação portuguesa relativa
à promoção de educação inclusiva é “das mais abrangentes dos países da OCDE”. O
pequeno problema é que, aparentemente, não corresponde a uma visão mais geral e
comparativa.
Para não fugir ao que está em
moda é identificado um problema sério na formação de professores no âmbito da
educação inclusiva. Os programas de formação inicial e contínua não capacitam (tinha
que ser) os professores para a resposta à diversidade em sala de aula, apesar dos
“esforços consideráveis (do ME) para providenciar formação nas áreas
relacionadas com a inclusão”.
Finalmente percebemos a grande dificuldade
na promoção de uma educação de qualidade para todos. Sem surpresa e em linha
com o que entrado na agenda nos últimos tempos, o grande constrangimento é a
formação dos docentes.
O modelo de governança e autonomia é robusto e
eficiente criando bons climas de trabalho e de aprendizagem
Os modelos de organização e funcionamento são ágeis,
competentes e desburocratizados.
Existem dispositivos de apoio
suficientes e competentes ao trabalho dos professore e dos alunos embora, por
falta de formação, os docentes não os aproveitem.
As escolas e agrupamentos contam
dispositivos de regulação externa e interna que contribuam para ajustar trajectórias e
práticas, embora, lá está, a falta de formação dos professores, iniba um maior
sucesso.
As escolas contam com o efectivo
necessário no que respeita a professores, psicólogos e outros técnicos, auxiliares.
Também possuem os equipamentos e recursos adequados, por exemplo os recursos
digitais. O problema é que, lá está, falta capacitação aos professores para a
sua utilização bem-sucedida.
O quadro legal é sólido,
consistente, claro e regulador do trabalho das escolas.
O número de alunos por turma, a existência de mediadores
para o trabalho com as famílias mais vulneráveis, o tempo disponível para a
função direcção de turma é adequado.
Importa não esquecer a imensidade
de Projectos, Planos, Programas ou Iniciativas Inovadoras que chegam às
escolas. Lamentavelmente não são totalmente aproveitados porque, lá está falta
formação aos professores.
Neste cenário, existe, de facto, um sério
problema a falta de formação dos docentes, quer no período inicial, quer ao
longo da carreira.
Temos, pois, pela frente um enorme
mercado em aberto, perdão, um desafio em aberto, formar os professores para a
educação inclusiva. É só o que falta.
Daí este meu cansaço.
Correndo o risco de na ânsia de procurar responder a tudo e a todos prejudicarmos aqueles que realmente necessitam. Triste fado se avizinha.
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