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sexta-feira, 17 de dezembro de 2021

O PENSAMENTO MÁGICO

 O Ministro da Educação afirmou que os números relativos à falta de docentes são “alarmistas”, são casos normais, pois sempre temos professores que adoecem, se reformam ou estão ausentes por qualquer outra razão. 

No mesmo órgão de imprensa, DN, lê-se que cerca de 10000 alunos ainda não têm professores em todas as disciplinas, estão por preencher 196 horários, 1933 horas.

Escapa-me qual o patamar a partir do qual a situação já não é normal. É verdade que o Ministro tem alguma propensão para evidenciar uma visão mágica da realidade, ou seja, a realidade é a projecção dos meus desejos. Mas não, não é.

O ministro tem razão quando afirma que a falta de docentes não é de agora, embora, por razões óbvias se agudize. Os governos de José Sócrates e de Passos Coelho deram forte contributo para a actual falta de docentes e para o êxodo de muitos professores alicerçada na narrativa “manhosa” dos professores a mais e sem um pensamento do que seria o curto e médio prazo. Está a está a ver-se agora.

Mas a verdade é que o Ministro Tiago Rodrigues é o actual responsável, sublinho, responsável pelas políticas públicas em educação.

O que se espera de um responsável, não é a negação da realidade. Espera-se que promova a discussão, as propostas, as decisões e os caminhos para a minimização dos problemas.

A sobreutilização das horas extraordinárias por uma população envelhecida, em situação de cansaço profissional, esmagada por uma carga burocrática sem fim, enredada em dispositivos de avaliação pouco transparentes e frequentemente injustos, com uma carreira pouco valorizada e valorizadora ou o recurso a pessoas com qualificação académica mais sem habilitação para a docência, podem minimizar dificuldades, mas acabam por fazer parte do problema.

Mais uma vez Senhor Ministro, a primeira etapa para a resolução de um problema é reconhecer a sua existência, não é negá-lo e também sei que não fácil e não se resolve imediatamente, mas temos de encontrar um caminho e o Senhor é o responsável. Ou não?

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