Era uma vez um miúdo, o Manel, que gostava muito de brincar. Tinha sete anos, já andava na escola e sentia-se um bocadinho zangado pois achava que tinha pouco tempo para brincar. Estava de manhã até à noite a fazer coisas na escola, coisas que não eram de brincar, chamavam-lhe actividades. Não percebeu bem porquê, mas os adultos foram deixando de brincar com ele.
O pai dizia, “Estás a crescer, tens de fazer os trabalhos”. A mãe dizia, “Prepara-te, quando fores grande a vida é a sério”. A professora dizia, “Não podes brincar, assim não progrides”. E toda a gente achava que ele não podia brincar porque “tinha que se preparar para a vida”. Bom, toda a gente não, o avô do Manel, que ele só via nas férias e no Natal, ainda brincava com ele e contava-lhe histórias de rir.
De mansinho o Manel começou a assustar-se com a ideia de
crescer e já não brincar e tomou uma decisão, não iria crescer mais.
E, assim, continuou a fazer sempre o que os pequenos fazem,
a falar o que os pequenos falam e até parecia que pensava o que os pequenos
pensam. Ficou um menino estranho e triste. Toda a gente preocupada e sem
entender. Uma vez, de visita ao avô puseram-se os dois a olhar para os bonecos
e carros de cana que construíam nas férias.
O avô falou, “Manel, toma bem conta destes bonecos e destes
carros. Quando cresceres vais ensinar os miúdos pequenos a brincar com eles e a
fazer outros”. O Manel estranhou e perguntou, “Mas quando crescer, ainda posso
brincar e fazer brinquedos?”. Disse o avô, “Claro, é mesmo uma das coisas mais
importantes que tens para fazer quando fores grande”.
O Manel perdeu naquele minuto o medo de crescer.
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ResponderEliminarAdorei. Bem haja!
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