No Público lê-se que existem várias escolas que replicam em actividade online os horários presenciais dos respectivos anos. Representantes dos directores escolares corroboram a existência desta situação ainda que, naturalmente, não se saiba a sua expressão.
Que é isto gente?
Então não aprendemos com a experiência? Nesta altura também já existe conhecimento
que sustenta com muita clareza a necessidade de ajustar às idades dos alunos (anos
de escolaridade) e aos conteúdos curriculares, designadamente, os tempos de duração das
actividades síncronas.
Já aqui tenho referido por diversas vezes as razões desta necessidade,
não é necessário repetir.
O ME, desta vez bem do meu ponto de vista, não determinou
tempos de forma fechada, mas divulgou orientações no sentido de se estabelecer
equilíbrio nas actividades síncronas em função dos critérios que referi acima.
Também já tinha conhecimento de algumas situações em que
manifestamente os programas são iguais ou muito próximos dos definidos para o
ensino presencial.
A autonomia não pode ser usada desta forma, é mau para os
alunos atrelá-los num ecrã por tempo excessivo para “dar o programa”, não é um
bom serviço educativo.
Curiosamente, a peça refere a existência de pais que
defendem um maior número de aulas síncronas. Também conheço a situação e alguma
da sustentação dessa defesa. Alguns pais acreditam que se os filhos tiverem
mais tempo no computador em aulas síncronas, aprenderão mais e, por outro lado,
os pais terão maior disponibilidade para as suas próprias necessidades.
Sim, mas pais não são professores, alguns sê-lo-ão, e
importa que as decisões em matéria de educação escolar sejam informadas pela
experiência e conhecimento dos responsáveis, ainda que os pais devam ser
envolvidos, informados e orientados relativamente às decisões que respeitam aos
filhos.
Este não é certamente
o melhor caminho para a generalidade das crianças.
Também sei que, como sempre e felizmente, boa parte dos
alunos “sobreviverão” a esta experiência. As crianças são resilientes, mas não parece
boa ideia criar-lhes obstáculos que não têm sentido.
Caro Zé Morgado, nas leituras técnicas que fui fazendo ao longo dos tempos, primeiro para o mestrado (+ 10 anos de serviço), depois para o doutoramento (+ 20 anos de serviço) e agora por gostar do saber (+ 30 anos de serviço), um termo sobressaiu por ser uma referência comum no estado da arte sobre a Educação. Refiro-me a "beliefs", "crenças". Comummente, os autores e investigadores referem-se a este fenómeno assim: "Na escola, o ensino caracteriza-se muito mais por opiniões subjetivas e pontos de vista pessoais do que pela lógica e rigor científico e pedagógico, por vezes, pasme-se, à revelia da própria legislação." A questão dos horários síncronos é apenas um exemplo, uma dessas opiniões subjetivas que nem a força do método nem a força das orientações escritas conseguem derrubar.
ResponderEliminarOlá Rui, absolutamente de acordo. É curioso que nos últimos anos o papel de dimensões como crenças, expectativas ou representações nos processos educativos têm sido muito estudados, incluindo na minha área, psicologia da educação. No caso mais particular área profissional em que movi, a resposta educativa à diversidade dos alunos, desde o tempo da educação especial ou da educação inclusiva, seja lá isso o que for, têm mesmo um papel crítico.
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