Enquanto aguardamos o que será o futuro próximo em matéria de frequência escolar após o encerramento das actividades lectivas que está em vigor, talvez seja pertinente a leitura da entrevista da professora Margarida Gaspar de Matos ao Público. Fica um excerto.
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A mim preocupa-me agora e em primeiro lugar, fazer barreira a este aumento terrível da transmissão do vírus! Esta inquietação perturba-nos a todos, é potencialmente letal para todos e a incerteza é difícil de gerir! Em segundo lugar preocupa-me a segurança física, mental e alimentar de algumas crianças para as quais a escola é um cenário de segurança. Dizia-me um miúdo "come-se sempre melhor na escola”. Esta afirmação foi para mim assustadora, até porque do nosso estudo sabemos que em geral os miúdos não gostam mesmo da comida do refeitório da escola ... imagine agora miúdos para quem aquela comida terrível é considerada a melhor opção alimentar por alguns .... ainda neste nosso estudo verificamos que há miúdos que referem violência em casa ... Uma das coisas a garantir é a segurança alimentar e física/mental. Accionar a distribuição alimentar (está a ser feito) e as comissões de protecção ...
Preocupa-me a saúde mental dos miúdos ... para além dos miúdos com vulnerabilidades específicas .... há aqui muita carga de incerteza ...de fadiga pandémica, de desesperança, de falhas importantes na socialização própria destas idades ... do receio pela saúde física deles e dos familiares (em especial Covid) do receio pelo futuro da situação profissional dos pais ... muita preocupação e incerteza para um período de vida com outras tarefas de desenvolvimento mais desejáveis...
Por fim (apenas em quarto lugar) estou preocupada com as
aprendizagens! Este é um assunto muito sério a ser levado muito a sério num
futuro muito próximo... mas para mim o mais simples de resolver e o menos
urgente! Talvez até venha a ser uma mais-valia, obrigando a uma revisão
curricular e didáctica que todos clamam!
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O artigo inicia com "O Governo tentou atrasar o fecho das escolas ao máximo, por se considerar a escola um risco menor, e pelos riscos psicossociais deste encerramento em populações mais vulneráveis ....". Dizer que, nem a escola é um risco menor, sabemos hoje que é bem maior do que se pensava, nem o Governo deve remeter para a escola o bem-estar psicossocial das crianças e dos jovens. O que o Governo deve fazer, estruturalmente, é trabalhar no sentido de diminuir as desigualdades sociais, através do aumento da classe média, para que as famílias possam garantir esse bem-estar. A pandemia veio somente agravar uma situação que já vivenciávamos.
ResponderEliminarSobre a comida da escola, peço desculpa mas não a considero "terrível". Na minha bolha de experiência, a comida distribuída nas 12 escolas por onde passei é boa ou mesmo muito boa.
Isto para questionar o seguinte: que país é este onde a escola deve estar aberta para que as crianças e os jovens não levem porrada em casa e ou não passem fome?