AS MINHAS CONVERSAS POR AÍ

terça-feira, 29 de dezembro de 2020

METEU-SE O NATAL, AGORA METE-SE O ANO NOVO

 Como tanto gostamos de dizer, meteu-se o Natal e agora mete-se o Ano Novo.

Apesar das circunstâncias excepcionais que vivemos, os dias que medeiam entre o Natal e o Ano Novo têm, do meu ponto de vista, um conjunto de características muito particulares. Fico sempre com a sensação de que os percebemos como não dias. Pode parecer uma ideia estranha, mas vou tentar explicar.

Logo depois do Natal, ainda a recuperar do espírito natalício, entramos numa espécie de ressaca advinda da azáfama das prendas, dadas, recebidas ou sonhadas e da culpa resultante dos excessos. Acresce para muita gente o problema das trocas, ou porque já tinham o que receberam ou porque, por várias razões, não serve o que receberam.

Para que se não saia dos espaços comerciais o ânimo irá recuperar-se, se a pandemia o permitir é claro, entrando de imediato na época de saldos, descontos, promoções ou outra qualquer designação apelativa a mais umas compras. Trata-se do efeito terapêutico do mercado e do consumo.

Deste estado, passamos para os dias de aproximação ao Ano Novo que, independentemente do que de menos bom possamos racionalmente esperar, vivemos com a esperança de que seja mesmo novo e, sobretudo, Bom. Este ano, mais do que nunca, queremos, precisamos, que o próximo seja melhor.

Iremos certamente trocar inúmeras mensagens e votos noutra azáfama que aparenta assentar numa ideia mágica dos tempos de miúdo que nos parece fazer acreditar em que se assim procedermos, o Ano Novo vai ser mesmo Novo e, repito, Bom. De tanto falarmos nisso pode ser que ele se convença de que terá de ser mesmo Bom.

É certo que de há uns tempos para cá, como devem ter dado por isso, foi desaparecendo o Próspero, basta que seja Bom, ou até mesmo que não seja pior do que o que passa. Já era bem bom, por assim dizer, mas este ano não chega, o ano que acaba foi mau, muito mau, para muita gente.

É também muito provável que nos últimos dias do próximo Dezembro, o de 2021, e mesmo que como precisamos e desejamos ele tenha sido melhor que 2020, estaremos com o mesmo sentimento a enunciar os mesmos discursos apesar das promessas optimistas de que ... a coisa está a mudar.

A passagem deste ano como também não podia deixar de ser vai ser muito diferente para muitos de nós, confinados, sem réveillons, sem aquela alegria a que nos sentimos obrigados ou que genuinamente sentimos a cada noite de 31 de Dezembro para 1 de Janeiro.

O problema mais sério é que a 2 de Janeiro está aí o Ano Novo que, para muita gente, vai continuar velho e para muita outra gente não será Bom, longe disso.

Mas para um povo sereno e de brandos costumes como nós, esperemos que haja saúde que é o principal e tanto que nos temos preocupado com a saúde. As vacinas darão certamente um grande contributo para a nossa saúde.

De resto, bom de resto … algum jeito se há-de dar. 

Bom Ano. De forma mais prudente, o melhor possível.


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