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sexta-feira, 18 de dezembro de 2020

ESCOLA DIGITAL COM ACESSO A "CONTA-GOTAS"

 

Segundo a imprensa de hoje, a designada Escola Digital está a sentir problemas de velocidade e acesso, ou seja, os prometidos computadores para alunos e escolas estão a chegar “a conta-gotas”, devagarinho, e, portanto, muitos alunos e escolas continuam sem acesso em condições de eficiência e equidade ao grande desígnio da Transição Digital. Sim, já sei, é difícil fazer tudo de uma vez, é mais fácil prometer, mas o optimismo excessivo, além de irritante, não é amigável para quem espera, necessita e desespera.

Ao que se lê no JN e no Expresso, o ME garante que a entrega dos primeiros 100 mil equipamentos será concluída até ao final do primeiro período o que, obviamente, é uma boa notícia dado que as aulas acabam hoje.

Ainda segundo o ME e com aquisição já adjudicada, até final do segundo período chegarão "mais 260 mil computadores".

Os Directores escolares sublinham a lentidão e burocratização do processo para além da dificuldade sentida pelas escolas em preparar os computadores recebidos para os entregar os alunos.

Para enquadrar o que estes atrasos e dificuldades representam na promoção de uma “Escola Digital”, seja lá isso o que for, recupero o relatório "Recursos Tecnológicos nas Escolas" divulgado em Julho pela Direcção-Geral de Estatística de Educação e Ciência caracteriza os recursos informáticos de escolas e agrupamentos considerando o ano lectivo 18/19.

Em síntese e considerando o uso pedagógico dos equipamentos existe um computador para cada cinco alunos. Este rácio tem aumentado nos últimos anos e, sem surpresa, é mais elevado no ensino público.

Este indicador varia com os níveis e ciclos de ensino, no secundário é de 3.1 alunos por computador e no 1º ciclo é de 6 alunos para cada equipamento.

Acresce que só 16% dos computadores foram adquiridos nos últimos três anos o que num universo de evolução tão rápida como é a informática acentua a “velhice” e limitações do parque informático disponível para o trabalho de alunos e professores.

Se a este cenário juntarmos as dificuldades verificadas em muitos agregados familiares na existência deste tipo de recursos como se verificou no ano lectivo passado percebe-se a urgência e a seriedade deste problema.

Está em causa, como sempre, a equidade e igualdade de oportunidades a processos educativos de qualidade e com potencial de sucesso.

Não é coisa pouca.

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