AS MINHAS CONVERSAS POR AÍ

quarta-feira, 26 de agosto de 2020

SAUDADES DA ESCOLA

 

Há dias coloquei aqui um texto a propósito de uma referência ao meu neto grande, o Simão, prestes a começar o 2º ano numa escola pública, que quando passámos junto da escola me disse, “tenho tantas saudades da minha escola”.  E é verdade, eu sei que tem, a generalidade dos miúdos terá, é lá o seu mundo nestas idades e a escola em casa, para ele e para muitos, não foi uma experiência muito positiva.

Como também aqui referi, com regularidade e quando falamos de escola ele pergunta se vai haver escola da outra ou ainda é a do ipad. O Simão foi dos miúdos para quem a escola ficou mesmo a distância não gostou, não quer e insiste que a “outra” escola é que é a que ele gosta. E nós percebemos que assim seja e por que razões assim é. Sem nenhuma certeza vamos conversando tendo como cenário a ideia de que em Setembro não terá a escola do ipad “com links” que ele odeia, mas a da sala de aula com a Professora e Colegas que ele adora.

Aliás e como seria previsível no 1º ciclo, dados de um trabalho hoje divulgado realizado pela DECO junto de pais e encarregados de educação sugerem, entre outros indicadores a ter em conta, que, de acordo com os pais, 84% dos miúdos terão sentido saudades da escola e 91% terão manifestado saudades dos colegas.

É ainda de considerar que os pais referiram como particular aspecto negativo as dificuldades nos apoios a alunos com necessidades especiais.

Apesar das dificuldades expressas os pais manifestaram reconhecimento pelo trabalho desenvolvido pelos professores.

Mais uma vez se acentua a necessidade de que dentro dos limites e num quadro de riscos tão controlados quanto possível, não existe risco zero, tenhamos aulas presenciais em Setembro, sobretudo no 1.º e 2.º ciclo e envolvendo os alunos com necessidades específicos com níveis de autonomia e literacias bem menores a situação é verdadeiramente preocupante.

Estamos a poucas semanas do início das aulas e as dúvidas e receios de professores e pais são muitas para além da imprevisibilidade da situação de saúde pública teremos pela frente.

No entanto e como escrevi, as certezas são mais evidentes. Sem mais recursos, digitais e humanos, mas suficientes e colocados nas escolas em tempo oportuno, só o esforço gigantesco que foi realizado no final do ano lectivo para criar a resposta de emergência e que merece sempre reconhecimento, não vai chegar para conduzir esta geração de alunos, sobretudo os mais novos e os alunos com necessidades específicas, num percurso educativo de qualidade e tão bem-sucedido quanto possível.

Nos últimos dias tem sido divulgada alguma apreensão relativamente a recursos humanos, técnicos e auxiliares, mas também de docentes apesar da colocação mais cedo. É ainda pública a inquietação com a disponibilização de recursos informáticos e de acessibilidade a alunos e escolas.

Como tenho afirmado, depois do ano lectivo mais estranho na vida dos alunos teremos o ano lectivo mais importante, não podemos falhar.

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