O relatório "Recursos Tecnológicos nas Escolas" divulgado há dias pela Direcção-Geral de Estatística de Educação e
Ciência caracteriza os recursos informáticos de escolas e agrupamentos
considerando o ano lectivo 18/19.
Numa altura em que se configura a forte probabilidade
de no próximo ano lectivo se manter a realização de aulas através de recursos
digitais para além da sua necessidade em qualquer circunstância, os dados são preocupantes e tanto mais preocupantes quando falta mês e
meio para o seu início e estamos num período de férias.
Em síntese e considerando o uso
pedagógico dos equipamentos existe um computador para cada cinco alunos. Este
rácio tem aumentado nos últimos anos e é mais elevado no ensino público.
Este rácio varia com os níveis e
ciclos de ensino, no secundário é de 3.1 alunos por computador e no 1º ciclo é
de 6 alunos para cada equipamento.
Acresce que só 16% dos
computadores foram adquiridos nos últimos três anos o que num universo de
evolução tão rápida como é a informática acentua a “velhice” e limitações do
parque informático disponível para o trabalho de alunos e professores.
Se a este cenário juntarmos as
dificuldades verificadas em muitos agregados familiares na existência deste
tipo de recursos como se verificou no ano lectivo que agora termina percebe-se
a urgência e a seriedade deste problema.
Sabe-se que o Programa de Estabilização
Económica e Social prevê uma dotação de 400 milhões de euros destinados à
aquisição de computadores e ligação à Internet para as escolas públicas, a
incrementar a transição digital como lhe chamam.
Foi ainda divulgado que a iniciativa
Escola Digital, para além da compra de computadores e de serviços de ligação à
internet para escolas e alunos, tem ainda como objectivos desenvolver a
“capacitação digital dos docentes” e a desmaterialização dos manuais escolares.
Numa primeira fase serão os
alunos abrangidos pela Acção Social Escolar.
Numa altura em que as incertezas
sobre como se iniciará o próximo ano lectivo, cujo arranque está a menos de
dois meses, são muitas as escolas preparam a possibilidade de recorrer mesmo
que parcialmente a ensino não presencial pelo que a aposta em recursos digitais
vai no caminho certo.
Não possuo dados que me permitam
a avaliar da suficiência da verba, mas considerando que se destina à aquisição
de equipamentos e dispositivos de acesso à net para milhares de alunos e,
certamente dezenas ou centenas de escolas, à promoção da “capacitação digital
dos docentes” e a ainda à desmaterialização dos manuais, me pareça claramente
aquém das necessidades para resposta imediata aos milhares de alunos que
ficaram mais distantes das escolas no ano lectivo que agora termina.
A desejada e promovida “Escola Digital” exige recursos e em tempo oportuno sob pena de se alimentar
desigualdade e risco de exclusão.
Mas ainda falta imenso tempo até
ao regresso às aulas, não precisamos de ter pressa que, como sabem, é inimiga
da perfeição.
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