AS MINHAS CONVERSAS POR AÍ

sexta-feira, 27 de abril de 2018

DA FLEXIBILIZAÇÃO CURRICULAR

No âmbito do ciclo “Conversas à Quinta” promovido pelo Instituto de educação da U. de Lisboa e da Afirse Portugal participei ontem ao fim da tarde numa conversa na companhia do Professor Adelino Calado, director do Agrupamento de Escolas de Carcavelos, cuja dinâmica de funcionamento tem sido amplamente divulgada, e do professor Tuís Tinoca do Instituto de Educação.
O tema foi “Flexibilização curricular: questões e desafios” e contámos com uma sala cheia de gente empenhada na discussão destas matérias cuja actualidade é óbvia.
A conversa foi longa e estimulante tornando difícil sintetizar de forma breve as muitas questões colocadas e abordadas. Algumas notas soltas.
Sublinhou-se a importância das alterações na natureza do currículo tornando-o menos prescritivo e extenso.
A definição das aprendizagens essenciais constituem um caminho positivo mas ao que vários docentes referiram, em algumas disciplinas, ainda têm uma carga normativa que dificultam a sua gestão de forma mais diferenciada.
Foi também referido, tal como tem sido divulgado em várias intervenções ao longo dos últimos temos e eu próprio já escrevei várias vezes sobre isto, que seria necessário que o acesso ao ensino superior não fosse quase que exclusivamente determinado pela média do secundário em que a nota dos exames tem um peso significativo. Aliás, é conhecido que algumas escolas envolvidas no Projecto de flexibilização curricular não alteram o trabalho desenvolvido no 10º ano justamente pelo receio do que pode acontecer no exame final.
A necessidade de autonomia dos professores e da sua valorização, a começar desde logo pelo reclamar de cada professor por essa autonomia e valorização foi também referida, bem como a necessidade de se reflectir seriamente sobre a formação inicial e contínua de professores. Acresce, naturalmente, o reforço da autonomia das escolas.
Uma referência ainda a algo que procurei enfatizar, a gestão do currículo, deve ser vista como uma das peças de um trabalho em sala de aula desenvolvido numa perspectiva de diferenciação. A resposta à diversidade dos alunos é o maior desafio das escolas e só numa resposta diferenciada que não se confunde com “individualizada”, equívoco comum, se consegue, como agora se diz “acomodar” essa diversidade dos alunos. O clima de aprendizagem, a organização do trabalho dos alunos, a avaliação/regulação das aprendizagens, os materiais e actividades de suporte às aprendizagens, são outras dimensões da diferenciação para além da gestão curricular.
Finalmente, uma referência à necessidade de rigor nos conceitos e conhecimentos que sustentem projectos e práticas pedagógicas robustas e sustentadas.
Foi bonita a conversa, pá.
espero que o resultado de todo este processo seja positivo apesar de várias dúvidas.

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