AS MINHAS CONVERSAS POR AÍ

quinta-feira, 12 de outubro de 2017

O PÂNTANO

O habitat pantanoso continua a incubar e fazer eclodir episódios de corrupção, desculpem, alegada corrupção e delinquência económica. Mais um grupo de figuras graúdas do aparelhismo político e do tecido económico está acusado de diversos crimes, aqueles designados por “colarinho branco”, talvez o mais significativo de sempre.
A roda livre de impunidade e incumprimento dos mais elementares princípios éticos quando não da lei, produziu nas últimas décadas uma família alargada que, à sombra dos aparelhos partidários e através de percursos políticos, se movimentam num tráfego intenso entre cargos, entidades e empresas públicas e entidades privadas, promovendo frequentemente negócios que nos insultam e empobrecem.
Esta família alargada envolve gente de vários quadrantes sociais e políticos com uma característica comum, os negócios, alguns obscuros, de natureza multifacetada e de escala variável, desde o jeitinho para o emprego para o amigo até aos negócios de muitos milhões.
Acontece ainda e isto tem tido efeitos devastadores que muitos dos negócios que esta família vai realizando envolve com frequência dinheiros públicos e com pesados encargos para os contribuintes.
Esta família conta ainda com a cooperação de um sistema de justiça talhado à sua medida pelo que raramente se assiste a alguma consequência significativa decorrente dos negócios da família. Curiosamente mas sem surpresa, todos os membros desta família, quando questionados sobre os seus negócios ou envolvimento em algo, afirmam, invariavelmente que tudo é feito tudo dentro da lei, nada de incorrecto e, portanto, estão sempre de consciência tranquila.
Veremos o que dará mais este episódio. Como de costume e provavelmente, uns incómodos com a imprensa e com as idas a tribunal e depois os escritórios de advogados, sempre os mesmos, assegurarão os expedientes suficientes para que nada aconteça.
Para a próxima terão cuidados redobrados e coisa compõe-se.
Alguém poderia explicar a esta gente que, primeiro, não somos parvos e, segundo, o que quer dizer consciência.
Esta é a pantanosa pátria nossa amada.

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