AS MINHAS CONVERSAS POR AÍ

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2017

NÃO PARA COMPARAR O INCOMPARÁVEL, MAS PARA REFLECTIR

Sim, eu sei que não se devem comparar realidades diferentes. Por isso não é para comparar.
Sim, eu sei que nem sempre os discursos dão um retrato fiel da realidade.
Sim, eu sei que afirmações retiradas do contexto podem sofrer enviesamentos de leitura e interpretação.
Sabendo tudo isto e não para comparar, insisto, mas para reflectir, ficam alguns excertos da entrevista ao Expresso de Jari Lavonen, director do Departamento de Formação de Professores da Universidade de Helsínquia.
Sobre o abaixamento dos resultados dos alunos finlandeses nos estudos internacionais, (PISA).
Devido ao menor financiamento, “As turmas aumentaram de tamanho, o número de professores afectos à educação especial e de assistentes de aulas foi reduzido. (…) Claro com turmas maiores e sem apoio disponíveis para estudantes com dificuldades, estes vão aprender menos
Sobre o currículo.
Há muito tempo que temos um currículo nacional que é revisto a cada 10 anos num trabalho muito participado e colaborativo. O Conselho Nacional de Educação convida professores, investigadores, vários parceiros que têm um papel no sistema para debaterem e darem feedback sobre a discussão. Assim, construir uma visão comum e grandes objectivos. Os professores são chamados a participar na definição dos currículos a nível local.”
Sobre os professores.
É mais difícil entrar nesta formação que em Medicina ou Direito. Seleccionamos 5% dos candidatos.”
Ainda sobre os professores.
Sentem que o seu trabalho é apreciado. Além disso, não têm muita pressão das famílias, não há inspecções escolares, nem um sistema pesado de exames nacionais. É-lhes dada autonomia para planear, pôr em prática e avaliar todo o ensino.”
Sobre a monitorização da qualidade.
É um processo baseado na auto-avaliação, seguido de uma discussão com o director da escola sobre o desenvolvimento profissional, o feedback transmitido pelos alunos e resultados escolares.
Nos últimos anos também iniciámos um processo de formação de professores mentores que dão apoio aos que chegam a o sistema.”
Sobre a mudança em educação.
É muito comum na Finlândia reunir os protagonistas para chegar a um consenso. E de cada vez que é definida uma nova estratégia o Governo aloca recursos para a implementar”.
Como disse, não acho que seja de comparar, não tem sentido e não é adequado. No entanto, julgo mesmo que é interessante reflectir sobre toda a entrevista.

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