AS MINHAS CONVERSAS POR AÍ

terça-feira, 24 de janeiro de 2017

DA HIPERACTIVIDADE E DA DESATENÇÃO

Parece-me interessante o texto do Dr. Pedro Cabral no Público, “Défice de atenção e perturbações do comportamento na escola e em casa: medicar ou não medicar?”
É abordada a necessidade de avaliar com a devida profundidade e competência as queixas sobre eventuais dificuldades de atenção ou hiperactividade por parte de família e escola bem com preocupação central de compreender o que pode efectivamente estar induzir esses comportamentos (sintomas).
Como costumo dizer, para dar boas respostas é necessário fazer boas perguntas (avaliar)  pois risco de não acertar é grande.
Como escreve Pedro Cabral, “(…) Porque neste ignorar das causas, que a medicação pode permitir, corremos o risco sério de adiar a construção da responsabilidade, pelo próprio, na gestão das suas tarefas e objectivos. Quando a tal hiperactividade tiver desaparecido, com o tempo, podemos encontrar um jovem "imaturo" porque desatento, incapaz de trabalhar sozinho ou sem ser pressionado, indiferente aos resultados, esperando que as coisas se resolvam com o tempo. (…)
De forma simplista afirmo que algumas destas crianças não têm perturbações do desenvolvimento experimentam perturbações no envolvimento.
Agora um pouco mais a sério, sabemos todos que existe um conjunto de problemas que pode afectar crianças e adolescentes, esses problemas devem ser abordados, se necessário com medicação, evidentemente, mas, felizmente, não são tantos as situações como por vezes parece. Inquieta-me muito a ligeireza com que frequentemente são produzidos "diagnósticos" e rótulos que se colam aos miúdos, dos quais eles dificilmente se libertarão e que pela banalização da sua utilização se produza uma perigosa indiferença sobre o que se observa nos miúdos.
Inquieta-me ainda a ligeireza com que muitos miúdos aparecem medicados, chamo-lhes "ritalinizados", sem que os respectivos diagnósticos conhecidos pareçam suportar seguramente o recurso à medicação.
A sobreutilização ou uso sem justificação do metilfenidato e de outros fármacos tem consequências como também refere Pedro Cabral.
Esta matéria, avaliar e explicar o que se passa com os miúdos e adolescentes, exige um elevadíssimo padrão ético e deontológico além da óbvia competência técnica e científica.
Não se pode aligeirar, é demasiado importante.

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