Um dia destes encontrei-me com
aquele meu amigo que vocês conhecem, o Professor Velho, o que já não dá
aulas, está na biblioteca da escola e fala com os livros. “Ainda bem que te encontro, tenho uma história que me aconteceu ontem,
boa para o teu blogue, não é assim que se chama?”
“Conta, Velho”.
“Fui a uma turma, gente do 3º ano, falar com eles sobre o passado e
sobre o futuro e para poder falar sobre o futuro lembrei-me de lhes pedir uma
originalidade, o que gostavam de fazer quando crescessem e porquê.
Apareceram-me umas respostas que me deixaram a pensar. Não consegui fixar
todas, a seguir tivemos uma bela conversa, mas vou dizer-te algumas.
O Manel quer ser Leitor de Livros porque adora ler, agora não tem
tempo, está todo o dia na escola sempre a fazer coisas e à noite tem trabalho
de casa, janta e dorme. Ao fim de semana os pais levam-no o tempo todo para o Centro
Comercial.
A Maria acha que vai ser Brincadora porque, pelas mesmas razões do
Manel, não tem tempo para brincar.
A Joana diz que vai ser Faladora, gosta de falar com as pessoas e as
pessoas falam pouco com os miúdos.
O Francisco disse que gostava de ser Neto para poder ter um avô.
O Mário quer ser Espectador para poder ver as coisas que agora ninguém
o leva a ver.
A Cláudia gostava de ser Pequena porque agora, diz ela, tem uma vida
com mais trabalho que os grandes.
O Zé disse que vai ser Relógio para mandar no tempo.
Que achas do futuro que escolhem?”
Está muito longe, Velho.
Como podemos esperar que os adultos, o sejam, quando não tiveram tempo para ser crianças?
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