Na Madeira foram agora conhecidos
os resultados escolares dos alunos de 7º ano de duas escolas que foram
agrupados em turmas consideradas “homogéneas” face ao seu percurso académico.
Os resultados foram muito
positivos nas duas escolas e, naturalmente, todos os envolvidos ficaram
satisfeitos a começar pelos alunos.
Na Escola Básica dos 2.º e 3.º Ciclos do Caniço foram constituídas
cinco turmas com um máximo de 15 alunos sendo quatro compostas por alunos com
menores resultados e que receberam mais apoio pedagógico.
Todas as 5 turmas tiveram pares
pedagógicos (dois professores na sala) em disciplinas como Português,
Matemática e Língua Estrangeira.
Na Escola Básica do 2º 2 3º ciclo
do Estreito foram constituídas também turmas de nível com um máximo de 22
alunos podendo mudar de turma durante o ano e também com pares pedagógicos em
Português, Matemática e Inglês.
Fico, evidentemente, satisfeito
com os resultados dos alunos e a satisfação de docentes e encarregados de
educação. No entanto, algumas dúvidas.
Os alunos com mais dificuldades
tiveram “mais apoio pedagógico”, as turmas têm um número de alunos razoável, um
máximo de15 e 22 alunos, respectivamente. Em Português Matemática e Inglês ou
Língua Estrangeira a presença de dois professores em simultâneo na sala. Neste
cenário conclui-se que o sucesso decorre da homogeneidade da turma, coisa que,
evidentemente não existe pois não se conhecem dois alunos iguais. Não, não se pode retirar tal conclusão.
Na verdade se a homogeneidade
fosse uma ferramenta de sucesso, todas as turmas que em muitas escolas existem
constituídas alunos “descamisados”, os maus alunos, teriam de imediato sucesso,
seriam homogéneas. A verdade é que não têm.
O que fomenta o sucesso é “mais
apoio pedagógico” aos alunos com mais dificuldades.
O que fomenta o sucesso é um "número
de alunos por turma razoável" e que permite um melhor trabalho e mais atenção
individual como os estudos mostram e foram objecto de um trabalho recente do
CNE.
O que fomenta o sucesso é o
recurso a dispositivos como o "par pedagógico", dois professores em simultâneo
nas disciplinas em que os alunos experimentam mais dificuldades.
Generalizem medidas desta
natureza e teremos melhor trabalho de alunos e professores.
Não é sustentável afirmar que a
variável que contribuiu para os bons resultados atingidos é a homogeneidade das
turmas. É ainda perigoso que esta leitura possa legitimar decisões na
constituição das turmas, guetizando alunos sem resultados se as outras
variáveis não forem consideradas. Como muitas vezes não são.
Claro que esta seria uma realidade perto da ideal. Mas será viável? É que implica uma alocação de recursos enorme. Turmas mais pequenas e pares pedagógicas implica muitos mais horários, logo necessidade de contratação de professores. Se pudesse ser... ótimo, mas duvido. Seria necessário investir muito mais dinheiro na educação.
ResponderEliminarTalvez possamos gerir melhor os recursos que temos e não esquecer que em educação não existe despesa existe investimento. É uma questão de opções políticas.
ResponderEliminarEntre investir na Educação ou investir nos bancos, escolho a Educação...
ResponderEliminar