AS MINHAS CONVERSAS POR AÍ

sábado, 2 de abril de 2016

DOS CUSTOS DA EDUCAÇÃO

A forma como é tratada no importante Estudo do CNE "Organização Escolar: As Turmas", os eventuais custos económicos de um eventual abaixamento do número de alunos por turma é a parte que me merece mais reservas e, creio mesmo, que destoa do rigor da parte substantiva do trabalho.
Em primeiro lugar o estudo baseia-se numa proposta, não mais do que uma proposta de Verdes e PCP, pelo que apesar da anunciada intenção do Governo de baixar o número de alunos por turma não conheço quais os limites e, deste ponto de vista o Estudo é um exercício, não mais do que isso.
Em segundo lugar e mais importante, conforme a revisão de estudos internacionais demonstra o número de alunos por turma mais baixo tem vantagens óbvias, já escrevi sobre elas no texto anterior e noutras ocasiões cujo valor económico é difícil de determinar mas fácil de entender pelo impacto na qualidade.
Na verdade qual o valor económico de menos problemas de comportamento?
Qual o valor económico de melhor clima na sala de aulas?
Qual o valor económico de mais tempo para cada aluno?
Qual o valor o valor económico de mais possibilidade de diferenciação das práticas?
No entanto se atentarmos “apenas “ no valor económico talvez seja de recordar que o Relatório Técnico do Conselho Nacional de Educação sobre a retenção em Portugal divulgado em Fevereiro de 2015  afirma que o custo estimado por cada aluno que chumba é de 6500€ e também se lê que em cada ano são retidos cerca de 150 000 alunos. Dito de outra maneira os custos da retenção são cerca de 975 milhões.
Quero afirmar apesar de não desconhecer a importância da dimensão económica em matéria de educação, a complexidade deste universo exige a consideração de múltiplas variáveis e não apenas a questão financeira. Quer isto dizer que não gosto da análise que acabei de estabelecer mas foi uma tentação.
Aliás, neste sentido, o Estudo do CNE agora divulgado é uma excelente ferramenta de trabalho e reflexão pois aborda aspectos essenciais e abrangentes.
Mas, por favor, educação não prescinde dos euros mas é mais do que euros. A despesa na educação, bem decidida e sem desperdício não é despesa é investimento.
Uma nota final para sublinhar algo que os estudos revistos neste trabalho do CNE também mostram e que se conhece de há muito, o peso também não quantificável em termos económicos da qualidade do trabalho dos professores, da sua motivação e empenho, da sua qualificação, etc. Aliás, o professor, a qualidade do seu trabalho, é, em muitas circunstâncias a variável que faz a diferença.

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