AS MINHAS CONVERSAS POR AÍ

sábado, 10 de outubro de 2015

MEU CARO PROFESSOR MARCELO

Meu caro Professor Marcelo,

Permita-me que o trate assim, já são muitos anos de contacto consigo. Não tendo tido oportunidade de o ouvir em directo fiquei a saber que apresentou a sua candidatura à Presidência da República porque sente o dever, o Dr. Santana Lopes em tempos chegou a sentir um chamamento que entretanto se extinguiu, de pagar uma dívida moral para com Portugal por tudo o que lhe deu.
Dispõe-se, assim, generosamente mas com rectidão moral, a prescindir de todo o conforto e bem-estar que merecidamente foi conquistando ao longo de uma vida de árduo trabalho aqui e ali salpicada com episódios de risco como o mergulho no Tejo e a liderança do PSD.
Imagino até que se dispõe a exercer, caso seja eleito, as funções de Presidente em modo pro bono e vivendo em Celorico de Basto na terra da sua queria avó Joaquina, assim uma espécie de Presidente Mujica em modo europeu e catedrático. Não fará certamente como o actual Presidente e a Senhora Presidente da Assembleia da República que fizeram deselegantemente as continhas à vida e optaram por não receber os vencimentos correspondentes às funções que exercem mas mantendo o ordenadinho que já tinham dignificando assim a função que exercem. Foi um inconseguimento, por assim dizer.
Pois meu caro Professor Marcelo, eu como um português que se inclui com orgulho e sem remorso nos que contribuíram para tudo o que lhe foi dado venho dizer-lhe que deve sentir-se perfeitamente à vontade para renegociar a dívida no que a mim me diz respeito. Estou mesmo mesmo disposto a considerar um perdão total da dívida. Não me deve nada, amigos como dantes.
Espero com alguma ansiedade que muitos outros portugueses entendam que o que lhe proporcionámos sem que nada nos fique a dever foi apenas a oportunidade de escolher e ser quem é, coisa que como sabe também aconteceu ao Senhor Primeiro-ministro ao contrário do que sucedeu a muitos milhões de portugueses que vivem vidas precárias e adiadas, alguns no limiar da sobrevivência e muitos outros que partiram, provavelmente só com bilhete de ida.
Assim sendo, peço-lhe que reconsidere e não prescinda do conforto e bem-estar que conquistou e merece. Não é justo o sacrifício que irá fazer. 
Como sabe os portugueses são ingratos e não lhe agradecerão.

Com elevada estima e consideração,

José, cidadão português com a situação contributiva em dia.



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