AS MINHAS CONVERSAS POR AÍ

sábado, 17 de outubro de 2015

DAS PRESIDENCIAIS. AS COISAS QUE NÃO ENTENDO

Trata-se evidentemente da ignorância própria de quem não domina as artes e os saberes da Ciência Política. Assim e nesta condição solicitava que alguém me explicasse muito devagarinho, estas coisas são complicadas, o seguinte.
Ao que se vai sabendo da boca dos próprios, PS, BE e PCP andam em negociação, ao que parece bem encaminhada, para dar sentido a um Governo apoiado pela maioria que detêm na Assembleia da República.
O objectivo, afirmam, é proteger o país da continuação de políticas que maioritariamente não sufragou.
O Presidente da República é, tem sido, dizem, um cúmplice ou, pelo menos, um apoio tácito dessas políticas que querem evitar que continuem.
As eleições presidenciais não são eleições legislativas, eu sei, mas como se viu acima, das eleições pode sair um Presidente que seja cúmplice  de políticas de efeitos nefastos ou que use as competências presidenciais para defender o bem-estar da generalidade dos portugueses.
Disto resulta, acho eu de forma errada certamente, que andariam melhor estes três partidos se criassem também para as presidenciais um compromisso, um entendimento, um … qualquer coisa, que contribuísse seriamente para a eleição de um Presidente da República que não Marcelo Rebelo de Sousa.
Mas não é assim, de forma sábia evidentemente embora tenha alguma dificuldade em entender, o PCP com o claro e realista objectivo de ganhar as eleições lança Edgar Silva, uma candidatura fortíssima que fez tremer o Professor Marcelo o mais que provável único, sublinho único, candidato do lado da PàF. O Bloco de Esquerda não é menos que o PCP, agora até é um bocadinho mais, e lança a candidatura de Marisa Matias e também agora o Professor Marcelo sentiu novo frémito
O PS que devido aos resultados de 4 de Outubro lidera o processo que pode levar a um Governo apoiado por uma maioria de esquerda e como é maior que BE e PCP tem pelo menos dois candidatos de dentro do seu universo, Maria de Belém e Henrique Neto.
Talvez esteja errado, é quase seguro (sem ironia), mas dada a aparente falta de apoio do aparelho socialista a candidatura de Henrique Neto será pouco relevante em termos de resultados. No entanto, uma parte do aparelho do PS descobre em Maria de Belém um conjunto de virtudes que a recomendam para a função. Tendo ouvido o seu discurso de apresentação fiquei esclarecido com a patética prestação e o Professor Marcelo continua a tremer sentindo novo frémito de ... satisfação.
Alguns acharão que BE e PCP podem numa eventual segunda volta ou mesmo à boca das urnas na primeira, podem vir a dar outra indicação de votos e, entretanto, aproveitam os tempos de antena da campanha para o seu próprio programa. É verdade que neste particular, tempo de antena, Marcelo Rebelo de Sousa leva uma vantagem extraordinária.
Mas eu não acredito, nas presidenciais prevalece o interesse nacional e não o interesse partidário, dizem.
É de tudo isto que resulta a minha estranheza. Sem esperar por resultados eleitorais ou a definição de interesses partidários Sampaio da Nóvoa lançou uma candidatura que emerge do espaço da cidadania e não do espaço dos partidos sem que seja contra os partidos, não pode nem deve evidentemente. Sampaio da Nóvoa apresenta um discurso e uma visão sobre o exercício da função presidencial dirigida aos portugueses e não a parte dos portugueses, humanista, clara e distinta do cinzentismo cúmplice e demitido que caracterizaram os últimos dez anos de prática presidencial.
Em nome da transparência, de um projecto e um compromisso para o país parecer-me-ia, mal pelo que vou vendo, que faria sentido apoiar desde logo uma candidatura, a de Sampaio da Nóvoa, no que me parece ser a única forma de evitar uma vitória de Marcelo Rebelo de Sousa na primeira volta e tentar que na segunda volta a maioria que se estabeleceu no Parlamento se traduzisse numa vitória clara de Sampaio da Nóvoa.
Por isso o meu pedido de ajuda. Alguém que me explique com paciência e de forma didáctica porque estão as coisas a acontecer desta forma.

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