Hoje, não sei a que propósito,
lembrei-me de uma história acontecida numa das várias conversas com grupos de
pais em que regularmente participo.
Como frequentemente ocorre
estavam algumas Avós. A certa altura a conversa girava em torno do que se passa
em casa, dos trabalhos da escola e das dificuldades que muitos pais sentem na
ajuda aos filhos, quer por razões de funcionalidade, quer porque sentem
dificuldade ou desconhecimento relativamente às matérias escolares.
Uma das Avós presentes pede para
intervir e explica que não sabe ler, na aldeia dela poucas raparigas foram à
escola, mas que ajudou muito os dois netos que tem, eles ficavam com ela quando
saíam da escola. E ajudou-os bem, disse a Avó, um é economista e o outro é
arquitecto. Acrescentou ainda que até os ajudava nos trabalhos de casa. Uma
senhora que estava ao seu lado não resistiu a comentar como é que Avó ajudava
os netos nas coisas da escola senão sabia ler.
Com o ar que teria quando ajudava
os netos, a Avó explicou à senhora que ainda só era Mãe Primeira, como sabem,
ser Avó é ser mãe duas vezes, que os miúdos não precisam só das letras, precisam
de aprender muitas coisas que os professores não sabem ou não podem ensinar,
era isso que ela fazia. Pelos vistos bem.
É por questões deste tipo que já
aqui me tenho referido ao papel que os mais velhos, muitos deles sós, poderiam
desempenhar junto dos mais novos. Creio que seria bom, para uns e outros, e bem
melhor que parte do trabalho que se faz em muitos espaços ao abrigo de uma
coisa chamada Actividades de Extensão Curricular que em algumas situações mais
provavelmente se tornam Actividades de Extinção da vontade de saber e de gostar
da escola para alguma miudagem.
Só aprendi a andar de bicicleta, depois de ensinar o meu filho. Tal como esta Avó Coragem.
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