AS MINHAS CONVERSAS POR AÍ

segunda-feira, 10 de agosto de 2015

DIAS DO ALENTEJO

Hoje, a meio da manhã, estava ainda "de posse", como por cá se fala, dos "pés de burro" das oliveiras quando o Mestre Zé Marrafa chegou à minha beira.
Estranhei, não era dia dele vir ao Monte e depois do cumprimento disse-me logo com os olhos pequeninos a rirem-se da mangação, "oiça, o trabalho está a fazer-lhe mal à vista".
Talvez por causa do calor e do cansaço não percebi logo. Mais um motivo para o Mestre Zé continuar a mangar, "Deixou aquela oliveira lá atrás sem ser limpa, não a viu?".
A entrada veio ao encontro do resto da conversa.
"Não era para cá vir hoje, só amanhã mas pensei, é melhor ir ao Monte para uma lérias, se Sr. Zé não tem ninguém para falar não pára de trabalhar", explicou ele e  bem que começou logo com lérias e a mangar.
E lá ficámos à sombra de uma oliveira um bocado matar o tempo com ... claro, lérias.
Às tantas, a conversa encaminhou-se para a maneira como algumas pessoas, muitas pessoas, funcionam, sempre a tentar aproveitar-se dos outros procurando receber o mais possível e dar o menos possível.
O Mestra Marrafa rematou, "Eu cá não sou assim, gosto mais de ter uma para dar do que uma para levar".
Eu conheço-o, sei que ele é assim, também por isso gosto dele.
E lá foi ver do almoço que seria, tal como o nosso, uma bela e fresca salada de pepino e tomate criados aqui no Monte temperada de "azeite e vinagre" com orégãos.
São assim os dias do Alentejo.

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