AS MINHAS CONVERSAS POR AÍ

quinta-feira, 13 de agosto de 2015

A CANDIDATURA DE SAMPAIO DA NÓVOA, O ESPAÇO DA CIDADANIA

Em entrevista à Visão e relativamente à candidatura de Sampaio da Nóvoa, António Costa parece deixar claro a sua abertura ao apoio do PS.
Como já tenho referido, é justamente do “espaço da cidadania” que emerge a candidatura de Sampaio da Nóvoa e é também “o espaço da cidadania” o seu maior valor.
É ainda “o espaço da cidadania” que lhe dá um sentido de urgência e oportunidade. Precisamos imprescindivelmente de uma visão e de um sentido de missão informados por valores que estejam libertos dos limites da partidocracia.
Sublinho que sendo os partidos peças centrais das sociedades democráticas não podem, não devem, ter o monopólio da actividade cívica e política sob o risco de se virarem para dentro, se encapsularem e de se transformarem em espaços fechados dominados por interesses de conjuntura e luta pelo poder, organizados em aparelhos cujo controlo permite o domínio do partido e o acesso ao poder.
Neste contexto, a emergência de movimentos ou iniciativas com protagonistas como Sampaio da Nóvoa no exercício desse inalienável “espaço de cidadania” podem ser também um contributo para a renovação da “praxis” política que conduziu à partidocracia e se traduz no afastamento dos cidadãos como os níveis assustadores e crescentes da abstenção bem demonstram.
Assim sendo, continuo a assistir com alguma expectativa à tensão que existe de forma evidente dentro do PS entre uma “corrente”, onde se poderá incluir António Costa, Jorge Sampaio ou Mário Soares, entre muitas outras figuras de relevo no PS, que pode acolher uma candidatura que surge fora das “paredes” do partido e uma outra corrente de gente do “aparelho” que parece sentir-se desafiada e ameaçada por algo como liberdade e independência de pensamento.
Atentando nas reacções destas figuras e a ausência de substância nas críticas que produzem às posições e discursos de Sampaio da Nóvoa fica claro que a sua posição radica numa coisa simples, “não é um dos nossos”, da “nossa tribo”, o que traduz, justamente, o que numa sociedade aberta, moderna e democrática não devem ser as estruturas partidárias.
Aguardo, como disse, com alguma expectativa o desenvolvimento desta tensão dentro do PS e creio que se o “aparelho” sair vencedor poderemos perder uma oportunidade única de introduzir uma mudança imprescindível e urgente na política em Portugal, a Presidência da República com uma visão política e ética assente nas pessoas e no seu bem-estar.
Não é fácil mas pode ser possível.
Deixem lá ver, como diz o Velho Zé Marrafa lá no Alentejo.

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