AS MINHAS CONVERSAS POR AÍ

segunda-feira, 6 de julho de 2015

DA INCLUSÃO


No Público surge uma peça muito interessante centrado nas actividades da Associação de Paralisia Cerebral de Coimbra designadamente numa iniciativa que merece registo, a criação de uma banda musical, a 5ª Punkada, constituída por pessoas que estão na Associação.
A peça é muito estimulante e elucidativa dos esforços dos técnicos e das próprias pessoas no sentido de melhorar a sua qualidade de vida.
No entanto, sem beliscar minimamente o que está a ser feito, antes pelo contrário, o trabalho também mostra o caminho que ainda temos que percorrer.
Tudo se passa, fundamentalmente, dentro da instituição, inclusivamente é visitada para realização de oficinas de aprendizagem por alunos de escolas.
Se bem atentarmos no testemunho que cito em cima, uma pessoa entrevistada afirma “que não lhe doem os olhares nem as perguntas dos outros” ali está em casa. Mas “Duro é lá fora, É ouvir adultos a dizerem “coitadinha …”, como se eu fosse surda. Ou a comentarem que não me deviam deixar sair de casa”.
Muitas vezes afirmo que o verdadeiro critério de inclusão é a participação, da forma possível, de todos na vida de toda a comunidade.
Viver mais afastado dessa comunidade, é aparentemente mais protector mas torna muito mais difícil mudar ideias e atitudes. As pessoas lidam pior com o que conhecem pior. Podem ser más ou intolerantes mas muitas vezes é ignorância, preconconteito e até medo. Quando contactam regularmente, de uma forma geral, aceitam e desejam esse contacto. É enriquecedor para todos.
Não estou, insisto, a ser crítico com o trabalho que realizado, estou apenas a tentar dizer que ainda temos um longo caminho a percorrer e que importa tentar caminhar no sentido certo. Também sei de há muitos anos que é muito, muito difícil, para todos.
E sei também que o caminho faz-se caminhando.
É “só” isso, continuar a caminhar e não parar dentro de uma Quinta.

2 comentários:

  1. José, trabalho com a APCC e queria, antes de mais, agradecer-lhe a partilha.

    Pretendia também deixar uma nota: apesar de o artigo não o referir (nem tudo cabe num artigo de jornal), os 5.ª Punkada têm uma existência tão intensa quanto possível fora dos muros da Quinta da Conraria. Fazem este mesmo workshop em escolas, dão concertos... sempre que possível, como qualquer banda! E o mesmo se passa com outros grupos musicais da APCC e outras atividades/serviços que são dinamizados. Como bem diz, o caminho da inclusão continua a ser longo, mas na APCC tenta-se ao máximo percorrê-lo.


    Um abraço,
    Pedro.

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  2. Olá Pedro, obrigado pelo comentário. Apesar de não ser de Coimbra conheço algum do trabalho que realizam e que me parece importante. O meu texto foi mais no sentido de, a propósito da peça do Público e do testemunnho da entrevistada, mostrar o que caminho difícil que a todos ainda nos espera apesar do muito que já percorremos.
    Abraço

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