O facto de ser algo de pouco
comum na generalidade dos países não me parece relevante como argumento embora
mereça atenção.
A ideia de no sistema educativo
que temos e no modelo de sociedade em que vivemos proporcionar onze meses
de estadia na escola é insustentável.
É verdade, sentimos todos, que os
estilos de vida actuais colocam graves problemas às famílias para assegurarem a
guarda das crianças em horários não escolares. A resposta tem sido prolongar a
estadia dos miúdos nas instituições escolares radicando no que considero um
equívoco, o estabelecimento de uma visão de “Escola a tempo inteiro” em vez de
“Educação a tempo inteiro”. A Confap insiste neste caminho.
No actual quadro de organização
das escolas os alunos podem estar na escola entre as 8h (ou 7:30 em algumas
escolas) e as 19h (19:30 em algumas escolas), é obra!
É preciso o maior dos esforços, espaços, equipamentos e recursos humanos qualificados para que se não transforme a
escola numa “overdose” asfixiante para muitos miúdos e um clima pouco positivo de trabalho para todos profissionais que nela trabalham.
É verdade que existem boas
práticas neste universo mas também conhecemos situações em que se verifica a
dificuldade óbvia e esperada de encontrar recursos humanos com experiência e
formação em trabalho não curricular com crianças a partir dos seis anos.
Acresce que muitas escolas, fruto
da concentração de alunos e do número de alunos por turma, não possuem espaços
ou equipamentos que permitam com facilidade o desenvolvimento de actividades
fora do figurino mais habitual de actividades de natureza escolar.
Em muitas situações, apesar do
empenho dos profissionais (alguns não o são por falta de qualificação
adequada), apesar dos alunos estarem “guardados” o benefício imediato é quase
nulo e a consequência a prazo poderá ser a desmotivação, no mínimo.
Neste quadro, manter aos alunos
onze meses na escola é de um enorme risco.
Creio que a Confap andaria melhor
se promovesse, dentro das suas competências, a discussão sobre a organização do
trabalho, os horários e políticas de família, para que as famílias, quando
fosse possível evidentemente, pudessem ter alternativas de horários laborais
que lhes permitissem mais disponibilidade para os filhos.
Seria também de explorar a
possibilidade de recorrer a outros serviços e equipamentos das comunidades,
desportivos ou culturais, por exemplo, que respondessem às necessidades de
crianças e jovens e não mantê-los na escola, a resposta mais fácil mas com inconvenientes
que me parecem claros. Aqui sim, parece-me importante o papel das autarquias.
Na mesma lógica da pretensão expressa
pela Confap por que não avançar com a proposta de que as escolas estejam
abertas, por exemplo, à sexta à noite de modo a permitir vida cultural ou
social dos pais?
Sim, é anedótico e demagógico mas trata-se de sublinhar que, por um lado, a escola não pode ser a solução para todos os problemas das famílias, crianças e jovens e, por outro lado, nem sempre os interesses dos pais coincidem com os interesses dos filhos.
Sim, é anedótico e demagógico mas trata-se de sublinhar que, por um lado, a escola não pode ser a solução para todos os problemas das famílias, crianças e jovens e, por outro lado, nem sempre os interesses dos pais coincidem com os interesses dos filhos.
ResponderEliminarAlgo que comentei por aí, algures.....
1- A Confap esqueceu-se de dizer o seguinte: no mês de férias da criançada, a escola devia providenciar para que docentes e pessoal auxiliar os levassem a Acampar, à Praia, ir ao ZOO, ao Oceanário, etc.
Assim, os pais podiam ter férias mais descansadas e frequentar mais os Centros Comerciais e irem em paz aos saldos e Black Fridays.
Pais inteligentes e responsáveis deviam mandar a Confap para o raio que a parta.
Sobre condições na escola, sobre mega-agrupamentos com alunos amontoados, sobre falta de espaço para jogarem à bola (ai, os vidros das escolas requalificadas que se partem quando 1 bola atirada com mais força, à C7 lhes acerta!), sobre aulas seguidas de 90 sobre 90 minutos, sobre os exames de 4º e tb de 6º, sobre o facto de outros alunos ficarem sem aulas por causa dos exames de 4º e 6º, sobre os exames serem feitos a meio do 3º período……..DIZEM NADA!
2- Defender um horário de trabalho mais flexível para famílias com filhos em idade escolar, de modo a poderem educar os filhos e, oh! estranheza!, estar com os filhos mais tempo, é coisa para que a Confap se estás nas tintas.
Isto dá mais trabalho e entra no horrível reino da política e participação cívica dos cidadãos.
Vai de retro! Que é sempre mais fácil defender que os alunos passem mais tempo nas escolas e tenham menos férias!
40 anos de História não são nada para mudança de mentalidades. E aí está a Confap (significa mesmo o quê a sigla?) a comprová-lo.
Há que insistir na ideia de que educação não é (só) escola
ResponderEliminarCaro Zé Morgado,
ResponderEliminarEu vou insistindo. Temo é que me vá faltando o "rancor", como naquela anedota alentejana...
É extraordinário como certas forças ajudaram a destruir o prestigio da classe docente transformando-a num amontoado de paus para toda a obra em prol dos caprichos dos paizinhos incapazes de proporcionar educação e dos seus filhinhos marginais e, a partir de certa idade, irreformáveis, são tão incapazes de perceber o mundo em que vivem que não compreendem que o melhor que fariam era calar-se enquanto é tempo. A paciência dos portugueses tem limites. L-I-M-I-T-E-S, PERCEBERAM??? Antes que algum dia, alguém consiga imputar-lhes parte da responsabilidade pelas barbaridades que vêm dando caução. Quando a má educação que deram aos filhos e que não permitirá que mais nenhum ser vivo os eduque se traduzir massivamente nos casos de abuso de poder e violência doméstica contra pais e encarregados de educação, como já vem acontecendo, pode ser que consigam fazer algum exame de consciência. Não contem com os professores para os ajudar, e espero que nem com os impostos dos portugueses para lhes pagar os reformatórios que claramente estão a necessitar.
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