Foi conhecido o Relatório Nacional 2010-2014 Provas Finais do 2.º e 3.º Ciclos do Ensino Básico produzido pelo Instituto de Avaliação Educativa.
No que respeita ao 1º ciclo não são estabelecidas comparações mas nos exames do 6º ano que existem há três anos os resultados mostram que os resultados não se alteram significativamente verificando-se mesmo que em Matemática são genericamente mais baixos. Releva ainda que quer em Português, quer em Matemáticas os rsultados são inferiores quando as questões solicitam operações cognitivas mais complexas.
Como muitas vezes tenho afirmado e sem que isto represente uma posição contra os exames, embora no 1º ciclo me pareçam dispensáveis, as provas aferidas cumpriam o papel de regulador do sistema, não consigo entender como os exames, quanto mais melhor, só por existirem, possam ser a fonte de qualidade. Tal entendimento parece decorrer da estranha convicção de que se medir muitas vezes a febre, esta irá baixar o que é, no mínimo, ingénuo.
A defesa da "exigência", do "rigor" que sustentam a necessidade dos exames e que Nuno Crato não se cansa de afirmar não mostraram os resultados anunciados. Como era previsível na linha do que tenho afirmado. Do meu ponto de vista e como alguns estudos sugerem, a estes resultados não serão alheias dimensões como a natureza excessiva e burocatizadas das metas curriculares, o número de alunos por turma, os conteúdos dos programas, excessivamente prescritivos e extensos ou a falta de dispositivos de apoio a alunos e professores.
A qualidade promove-se, é certo e deve sublinhar-se, com a avaliação rigorosa e regular das aprendizagens, sim, naturalmente, mas também com a avaliação do trabalho dos professores, com a definição de currículos adequados, com a estruturação de dispositivos de apoio a alunos e professores eficazes e suficientes, com a definição de políticas educativas que sustentem um quadro normativo simples e coerente e modelos adequados de autonomia, organização e funcionamento das escolas, com a definição de objectivos de curto e médio prazo, etc.
É o que acontece, genericamente, nos países com melhores resultados e mais baixas taxas de retenção escolar.
É o que não acontece em Portugal.
É o que o Ministro Nuno Crato parece entender que não deve existir em Portugal.
Ponto.
O que se passa neste 3º período nas escolas é surpreendente!
ResponderEliminar- exames do 4º ano
- exames do 6º ano
-exames Cambridge de 9º ano ( comprofessores a entrarem e sairem das escolas para a realização das provas orais, em cima de "formação" para tal)
- elaboração de provas de equivalência à frequência de 6º, 9º, 11º e 12º...
Uma visita à maioria das escolas dá conta de painéis a transbordar de datas, calendarizações, reuniões preparatórias, troca de salas, júris de exame e vigilantes efectivos e suplentes.
Professores a não leccionarem as suas aulas em turmas que têm exames nacionais fundamentais para os alunos e o seu percurso académico/profissional mais próximo e a combinarem aulas extra para compensarem...
A loucura e promiscuidade vã e sem sentido em que só por acaso não se tem a funcionária da cantina ou do bar a vigiar os exames.
Uma loucura patrocinada por quem não conhece o funcionamento da escola, jorrando leis e normativos do conforto de gabinetes para ministro assinar.
Exames e provas para todos os gostos a funcionarem em simultâneo com aulas e professores a sairem de vigilâncias e a leccionarem de seguida sem hora para almoço/descanso.
O que faria, no mínimo, a diferença? Acabarem as aulas 1 semana mais cedo e avançar-se para os exames a todo o vapor a seguir.
Isto é equacionado? Não. Porquê? Não há resposta.
Os directores das escolas, em reunião, tomam 1 posição contra isto?
Ao que sei, não tomam.
E a festa continua.
A bem da nação.
DE facto o cenário é complicado. A febre da medida em nome da "eficiência" atropela alunos, professores e famílias. Está a chegar à educação pré-escolar.
ResponderEliminarO sistema está a organizar-se numa perpectiva selectiva, darwinista, em que só sobrevivem os mais fortes com mais meios.