Estes dados vão no mesmo sentido
de trabalho anterior da OCDE, “Closing the Gender Gap: Act Now, sendo que nesse
estudo as mulheres portuguesas eram as quartas mais “trabalhadeiras”.
Curiosamente no relatório Society
at a Glance 2011, Portugal ocupava o mesmo lugar do ranking de
“trabalhadeiras”, o quarto, na diferença entre homens e mulheres.
Também em 2011, um estudo
realizado pela Intersindical com base em dados do INE e do Ministério do
Trabalho mostrava que as mulheres portuguesas trabalham média 39 horas semanais
e realizam mais 16 horas de trabalho não remunerado relacionado com a família.
Um outro trabalho internacional revelava que as mulheres portuguesas são das
que mais tempo trabalham fora de casa. Existem também indicadores sustentando
que as mulheres portuguesas são de entre as europeias as que mais valorizam a
carreira profissional e a família, a maternidade.
Este conjunto de indicadores
ilustram as dinâmicas familiares actuais e ajudam, também a entender as
dificuldades e inibição que muitas famílias sentem em integrar filhos nos seus
projectos de vida e o consequente envelhecimento e ausência de renovação
geracional.
É evidente que as questões não
são exclusivamente de natureza económica, os valores e a condição da mulher nas
diferentes comunidades desempenham um papel crucial e interagem com as questões
económicas. Os salários são genericamente baixos e baixos e não podemos esquecer
a discriminação salarial de que muitas mulheres, sobretudo em áreas de menor
qualificação, são ainda alvo e a forma como a legislação laboral e a sua
“flexibilização” as deixam mais desprotegidas. São conhecidas muitas histórias
sobre casos de entrevistas de selecção em que se inquirirem as mulheres sobre a
intenção de ter filhos, sobre casos de implicações laborais negativas por
gravidez e maternidade, sobre situações em que as mulheres são pressionadas
para não usarem a licença de maternidade até ao limite, etc. Pode também
referir-se que apesar das alterações legislativas o uso partilhado da licença
por nascimento de filhos ainda é significativamente baixo.
Na verdade e apesar de algumas
alterações que se vão sentindo, a metade do céu, que as mulheres representam,
carrega um fardo pesado.
Caro Professor, creio que ainda há muito por fazer em termos de igualdade de género, a começar nas escolas do 2º Ciclo. Ainda Há algum tempo ouvi na rádio um discurso sobre se o discurso feminista ainda faz sentido no século XXI.Na minha opinião ainda faz todo o sentido.
ResponderEliminarCumprimentos
Pedro.
Sem dúvida, Pedro.
ResponderEliminar