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segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

DO ABANDONO ESCOLAR

"Abandono escolar já baixou para os 17,4% mas o ritmo da melhoria está mais lento"

Segundo dados do INE divulgados pelo MEC, o abandono escolar precoce, percentagem de indivíduos que entre os 18 e os 24 anos não concluíram pelo menos o ensino secundário e não estão a frequentar qualquer ensino formal , baixou para 17.4% em 2014 o que deve ser registado.
No entanto é preocupante o ritmo de abaixamento tem vindo a diminuir nos últimos anos.  De 2011 para 2012, a descida foi de 2,5 pontos percentuais; um ano depois, tinha baixado mais 1,6%; e finalmente, entre 2013 e 2014 registou-se a variação de 1,4 pontos.
Este trajecto pode comprometer a meta estabelecida para 2020 de chegar aos 10% de abandono escolar precoce.
Para compreender as razões para que a variação seja menor talvez sejam de considerar os efeitos de algumas medidas e orientações em matéria de política educativa e as consequências da crise económica que se abateu sobre as famílias.
Um modelo educativo progressivamente assente na examocracia, no aumento do número de alunos por turma, na falta de dispositivos de apoio ao trabalho de alunos e professores não pode deixar de ter efeitos. Acresce que a oferta educativa alternativa para esta população, embora se tenha vindo a diversificar, é insuficiente, em muitos casos existe apenas no papel e na intenção, as escolas não têm recursos e, em muitas circunstâncias ainda é percebida como formação de segunda por famílias, alunos e, também, professores o que diminui a sua capacidade de atracção.
Por outro lado, mesmo para os alunos que terminaram o secundário e estão dentro desta faixa etária, importa considerar que Portugal é, comprovadamente, um dos países em que a frequência de ensino superior é mais cara e mais suportada pelas famílias. Deste quadro resulta o abandono de muita gente da frequência do ensino superior e o abaixamento que se tem vindo a verificar nos últimos anos do número de estudantes que terminam o secundário e não prosseguem estudos.
Apesar de sistematicamente nos dizerem que a realidade está enganada os sinais que vão emergindo do sistema educativo em muitas áreas não são particularmente animadores.

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