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terça-feira, 16 de dezembro de 2014

O INVESTIMENTO NO COMBATE À POBREZA

"Portugal vai investir 208,1 milhões de euros no combate à pobreza até 2020"

Lê-se no Público que Portugal irá receber 176,9 milhões de euros de fundos comunitários destinados aos pobres e para apoiar os pobres noo acesso a produtos alimentares e outros artigos para uso doméstico e de higiene básica. Esta verba virá de um Fundo de Auxílio Europeu às Pessoas mais Carenciadas.
A este montante oriundo da Comissão Europeia acrescem 31,2 milhões de euros de verbas nacionais o que perfaz um total de 208,1 milhões de euros destinados a investir no combate à pobreza entre 2014 e 2020.
Sem qualquer ponta de cinismo, evidentemente, registo a preocupação com o combate à pobreza por parte de quem também esteve envolvido, justamente, na promoção da pobreza através das políticas levadas a cabo nos últimos anos.
No entanto a idade e muitos anos de vida nesta terra vão produzindo em mim, coisa de que não me orgulho, uma atitude razoavelmente céptica.
Quando oiço referências a muitos milhões de euros disponíveis para combater a pobreza começo logo a imaginar, de forma certamente injusta, um conjunto enorme de instituições, criadas e a criar, a perfilar-se para se candidatarem a combater a pobreza. Recordo os anos de ouro das verbas europeias para formação profissional e as "tecnoformices" e outras manhosics a que deram origem.
De seguida, com o sentimento de culpa a aumentar lembro-me do princípio de Shirky, “as instituições tendem a alimentar os problemas para os quais é suposto serem a solução”.
Mas estas considerações desconfiadas devem mesmo ser da idade e do mal-estar imenso que uma maldita dor ciática me anda a causar há alguns dias.

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