Lê-se e torna-se difícil de acreditar embor o MEC evidencie uma inesgoável capacidade de nos surpreender.
Desta vez coube ao Secretário de
Estado do Ensino Superior avançar com uma ideia notável. Em entrevista ao
Diário Económico, ao abordar as questões relativas ao acesso ao ensino superior
e as propostas de mudança, urgentes, diga-se, em que o MEC está a trabalhar,
José Ferreira Gomes adiantou este monumento, diferenciar o grau de exigência
para frequentar o ensino superior, mais exigência para as Universidades e,
naturalmente, menos exigência para os Institutos Politécnicos, concretizando,
passo a citar, "Podíamos exigir, por
exemplo, 14 a Matemática e Física a quem quisesse entrar em alguns cursos
universitários. E podíamos exigir só 10 a quem quisesse entrar nos politécnicos".
Não sei qual será a reacção de
Reitores e Presidentes dos Politécnicos mas tenho uma forte reserva em aceitar uma
medida desta natureza que, aliás, se inscreve de forma muito clara no modelo de
educação subscrito pelo MEC, a elitização, a selecção dos "mais competentes" para vias mais
valorizadas de educação e formação e o empurrar dos "outros", os mais
fracos, menos dotados ou preguiçosos, para percursos ou formações que acabam percepcionadas como de "segunda". A coisa está em andamento no ensino não superior, empurrar
alunos com baixo rendimento para vias profissionais desde muito cedo, só faltava
mesmo estender esta visão "neodarwinista" ao ensino superior.
Se assim for, os alunos com notas mais altas
podem ir para a Universidade, os alunos com notas mais baixas terão de se
contentar com um curso de Politécnico. Partindo da proposta do MEC, deveremos
concluir que um aluno com 14 de nota final a Matemática no Ensino Secundário
poderá ser engenheiro formado por uma Universidade, mas um colega seu que
acabou com 13,4 o Ensino Secundário só é "capaz" de estudar
engenharia num Politécnico, as suas competências matemáticas não são suficientes
para a Universidade.
Já tenho dito muitas vezes que
seria absolutamente necessário separar o processo de finalização do secundário
do acesso ao ensino superior, até porque são conhecidos alguns expedientes na
composição das notas finais quando não se considera apenas o valor do exame.
Esta separação implicaria por
exemplo, atribuir mais autonomia aos Estabelecimentos de Ensino Superior nesse
processo de acesso, no qual a nota final do Secundário seria, evidentemente, um
dos critérios a considerar, mas não o único. Também sei que neste momento apenas
se exige a nota mínima, 9.5 da escala considerada positiva e qualquer linha de
corte implica discussão. No entanto, aqui estamos falar do lado positivo da
escala enquanto na proposta do MEC a questão tem, do meu ponto de vista, outros
contornos que são, do meu ponto de vista, insisto, pouco defensáveis, nada
garante que um "aluno de 12 ou 13" a Matemática seja incapaz de
formação científica na Universidade como também nada garante que um "aluno
de 14 ou 15" venha a ser um excelente estudante.
Conhecemos todos múltiplos exemplos.
Conhecemos todos múltiplos exemplos.
Boa Noite,com a entrada do processo de Bolonha que Portugal assinou, em teoria teria que haver uma uniformização do ensino superior.
ResponderEliminarNa minha perspectiva não pode haver ensino superior de 1ª (universitário) e ensino de 2ª; seria necessário haver uma homogeneização das diferentes formações, extinguir cursos,remodelar cursos, aproximar os 2 modelos de ensino, promover um maior contacto com as empresas,maior financiamento, mais bolsas para mestrado/doutoramento. Se não estou em erro no Reino Unido só existe um modelo de ensino superior.