"Mulheres recebem menos 18% de salário média mensal de base do que os homens"
Segundo o Relatório Sobre Diferenciações
Salariais por Ramos de Actividade, com dados de 2011, as mulheres recebiam, em
média, menos 18% de remuneração média
mensal de base, que os homens. Esta diferença varia com os níveis de qualificação,
habilitações literárias e com a natureza
da actividade económica.
O trabalho vem confirmar dados
conhecidos. O Relatório Igualdade de Género em Portugal 2011 da
Comissão para a Cidadania e Igualdade de Género, “a remuneração média mensal de
base recebida pelas mulheres em 2010 foi de 801,81 euros e a dos
homens 977,56”, ou seja uma diferença média de 175,75 € que em grupos
específicos pode ser bastante mais elevada.
Um Relatório da Comissão
Europeia, Análise Trimestral do Emprego e da Situação Social na União
Europeia, divulgado em Janeiro, referia que a disparidade salarial
entre homens e mulheres. considerando o período de 2008 a 2010 baixou, o que
aparentemente é um passo no caminho da não discriminação de género. No entanto,
este abaixamento não resulta de melhorias nas condições do mercado de trabalho,
mas, pelo contrário, na degradação das condições e na qualidade do trabalho em
sectores com mão-de-obra predominantemente masculina, ou seja, é uma situação conjuntural
e não estrutural como refere, aliás, a Comissão.
Em Portugal contrariamente a esta
tendência parece que a disparidade nos salários por género têm aumentado. Na
verdade penso que existe um longo caminho a percorrer em matéria de
discriminação de género que, creio, a actual situação económica tenderá a
agravar.
Parece-me também significativo
que de acordo com o Relatório Society at a Glance 2011, da OCDE, Portugal é o
quarto país dos 29 considerados com maior diferença entre homens e mulheres, no
que se refere a trabalho não pago, sobretudo a tão portuguesa “lida da casa”,
cozinhar, limpar, cuidar dos filhos, etc. Entre nós a diferença é de quase
quatro horas.
No mesmo sentido, um trabalho
também realizado pela CGTP com dados do INE e do Ministério do Trabalho,
informava que as mulheres portuguesas trabalham em média 39 horas semanais e
realizam mais 16 horas de trabalho não remunerado relacionado com a família e
um trabalho internacional revelava que as mulheres portuguesas são das que mais
tempo trabalham fora de casa. Existem ainda indicadores sustentando que as
mulheres portuguesas são, de entre as europeias, as que mais valorizam a
carreira profissional e a família, a maternidade.
Para além dos baixos salários e
da discriminação salarial de que muitas mulheres, sobretudo em áreas de menor
qualificação, são ainda alvo, também a regulação da legislação laboral e a sua
“flexibilização”as deixam mais desprotegidas.
Importa, evidentemente, combater
a discriminação salarial e de condições de trabalho através de qualificação e
fiscalização adequadas.
Na verdade, a metade do céu, que
as mulheres representam, carrega um fardo pesado.
É "apenas" mais um exemplo da situação que descrevi. Inquietantes, são também alguns dos comentários ao texto da Susana Valente.
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