AS MINHAS CONVERSAS POR AÍ

terça-feira, 27 de maio de 2014

(IN)SEGURANÇA

"Desemprego, violência e funcionamento da justiça fazem portugueses sentirem-se inseguros"

Segundo dados do Barómetro 2014 da Segurança, Protecção de Dados e Privacidade em Portugal, o desemprego, 76,3%, o aumento da violência na sociedade, 43,8%, e o funcionamento da justiça, 36,2%, são os três motivos mais contributivos para a sensação de insegurança dos portugueses.
Apesar de 73% dos inquiridos perceberem Portugal como um país seguro e 80% se sentir seguro ou muito seguro no local onde vivem, 56% por entendem que a situação piorou e 48% que continuará a degradar-se.
Na verdade, a sensação de insegurança é uma dimensão com a qual temos que conviver com maior ou menor tranquilidade e optimismo. A imprensa oferece-nos diariamente retratos deste universo sendo que, deve dizer-se, a forma como estes episódios são abordados do ponto de vista das opções editoriais, é também uma peça importante em todo este universo, percepção de insegurança, que se vai instalando de mansinho e que poderá ter efeitos devastadores.
Não é estranho que o mundo de dificuldades que em Portugal muitos milhares de pessoas atravessam, possa sustentar um aumento de algumas formas de delinquência envolvendo frequentemente o recurso a comportamentos violentos. As dificuldades progressivas em encontrar rendimentos que garantam o sustento, mesmo na chamada economia paralela. poderão induzir em muitas pessoas comportamentos que, em escalada, minarão a coesão social e a percepção de segurança, bases imprescindíveis na nossa vida diária.
A questão é como nós comunidade lidamos com estas questões.
Clamarão uns pelo aumento da repressão e punição por parte das autoridades policiais em contenção de recursos, em efervescência interna, e por parte de um sistema de justiça ineficaz e lento que alimenta a ideia de impunidade.
De facto, uma das dimensões fundamentais para uma cidadania de qualidade e vivida com uma percepção de segurança é a confiança no sistema de justiça. É imprescindível que cada um de nós sinta confiança na administração equitativa, justa e célere da justiça. Assim sendo, a forma como é percebida a justiça em Portugal, forte com os fracos, fraca com os fortes, lenta, mergulhada em conflitualidade com origem nos interesses corporativos e nos equilíbrios da partidocracia vigente, constitui uma das maiores fragilidades da nossa vida colectiva.
Alguns outros exigem maior atenção às desigualdades e exclusão decorrentes das medidas de austeridade e da crise.
Muitos apelam a políticas preventivas e mais eficazes nos apoios sociais que tendo custos evidentemente, compensam pois as consequências poderão sair-nos bem mais caras.
Maior exigência nas decisões, comportamentos, discursos das lideranças e no funcionamento do estado, de modo a não alimentar a ideia, ajustada, de uma repartição desigual de sacrifícios e dificuldades, referirão ainda outros.
Não existem, evidentemente, abordagens e soluções milagrosas, mas creio que estas questões merecem uma muito inquieta atenção.

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