As aulas do primeiro período no ensino básico e secundário estão terminar.
Na próxima semana, antes de se entrar mais a fundo no espírito natalício,
realizam-se as reuniões de avaliação e a generalidade das famílias vai começar a
dar atenção às notas. Não só às notas necessárias
para a compra dos presentes de Natal, essas serão certamente revistas em baixa,
mas também às notas escolares dos filhos que igualmente inflenciam a compra de presentes,
as boas notas são muitas vezes compensadas com presentes mas, sobretudo, contribuem para
comprar futuros.
Alguns miúdos e adolescentes esperarão com serenidade, apenas com a ponta de
ansiedade criada pela expectativa de ver confirmado o bom andamento do
primeiro período. Estes alunos receberão as felicitações da família pelo
trabalho desenvolvido e, muito provavelmente, até verão essas felicitações e
contentamento familiar sublinhados com o reforço dos presentes, merecem, trabalharam
bem, toda a gente dirá.
Alguns outros miúdos esperam com a ansiedade da dúvida, será que o trabalho
e a generosidade dos “setores” chegarão para a positiva, senão a tudo, pelo
menos a quase tudo. É que os pais também tinham prometido “aquela” prenda se as
notas fossem positivas, mesmo que não "boas", não esperam tanto.
Também existem alguns alunos que já nem a ansiedade pelas notas conseguem
sentir, vão ser más, o que não estranharão e as famílias, algumas, também não.
É hábito. Destes, uns assumirão um discurso e pose de indiferença, precisam
dessa pose e desse discurso para mascarar para fora o que o insucesso dói para
dentro. Ninguém com saúde se satisfaz com o insucesso. As famílias não sabem
que fazer e culpam a escola que as culpa a elas.
Alguns destes alunos receberão as más notas do primeiro período como uma
espécie de “cheque pré-datado” passado pela escola, ou seja, estas serão também
as notas do segundo e do terceiro período. Esta baixa expectativa é um forte
contributo para que se cumpra o emitido no “cheque”, as más notas no futuro.
Não tem que ser, não é o destino e não estão condenados ao insucesso. Era bom
ter consciência do processo e recusar esse fatalismo.
Existe ainda um grupo mais pequeno de alunos que, por razões que eu não consigo compreender, não têm notas, são especiais, dizem, pelo que sendo alunos e trabalhando nas escolas não vêem, como todos os outros colegas, traduzida numa nota a sua participação na vida escolar. Será porque estando lá não participam, ou será que, apesar de participar e não tendo o mesmo "rendimento" ou sendo avaliados da mesma forma que os seus colegas, se entende, erradamente, que não se "justifica" uma nota, curiosamente, em contextos escolares que se afirmam "inclusivos". Talvez tenhamos ainda que caminhar no sentido melhorar culturas, modelos e dispositivos de avaliação que acomodem todos os alunos.
Enfim, como em quase tudo na nossa vida, as notas são, muitas vezes,
determinantes.
Boas férias e Bom Natal.
Só terminam 3ça feira, dia 17.
ResponderEliminarObrigado pela correcção.
ResponderEliminarExcelente reflexão. Avaliar é de facto um processo muito delicado. É necessário haver mais diálogos e partilhas. Muito obrigada. Fiquei fã deste espaço.
ResponderEliminarHelena Gaspar
Obrigado, vá passando.
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