O Movimento para a Manutenção das Reformas dos
Deficientes solicitou ao Presidente da República, Governo e aos grupos
parlamentares que os cidadãos com deficiência possam ficar isentos dos cortes
de 10% previstos para as reformas acima de 600€, tal como irá acontecer com os
deficientes das Forças Armadas.
Algumas notas sobre esta matéria que não são
informadas por qualquer discurso de natureza paternalista ou assistencialista,
mas colocadas num plano de direitos humanos, de discriminação positiva de
pessoas em situação particularmente vulnerável e na não aceitação do princípio
de que equidade significa igualdade.
Talvez os burocratas que nos governam ou mandam
em quem governa não saibam, por exemplo, que o desemprego no grupo social das
pessoas com deficiência terá aumentado cerca de 70 % face a 2011, e estima-se
que actualmente ronde os 75 %, uma taxa catastrófica.
Sabemos que os recursos são finitos e os tempos
de contenção, mas pode-se afirmar que para as pessoas com deficiência os tempos
sempre foram de recursos finitos e de contenção, ou seja, as dificuldades são
recorrentes e persistentes.
Um estudo realizado, creio que em 2010, pelo
Centro de Estudos Sociais da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra,
apontava para que uma pessoa com deficiência tenha um gasto anual entre 6 000 e
27 000 € decorrentes especificamente da sua condição e considerando diferentes
quadros de deficiência. Este cálculo ficou incompleto porque os investigadores
não conseguiram elementos sobre os gastos no âmbito do Ministério da Saúde.
O estudo, para além das dificuldades mais
objectiváveis, referenciou ainda os enormes custos sociais, não quantificáveis
facilmente, envolvidos na vida destes cidadãos e que têm impacto no contexto
familiar, profissional, relacional, lazer, etc.
Creio também que é justamente no tempo em que as
dificuldades mais ameaçam a generalidades das pessoas que se avoluma a
vulnerabilidade das minorias e, portanto, se acentua a necessidade de apoio e
de políticas sociais mais sólidas, mais eficazes e, naturalmente, mais reguladas.
Os números sobre o desemprego nas pessoas com
deficiência são dramaticamente elucidativos desta maior vulnerabilidade. A vida
de muitas pessoas com deficiência é uma constante e infindável prova de
obstáculos, muitas vezes intransponíveis, em variadíssimas áreas como
mobilidade, educação e emprego em que a vulnerabilidade e o risco de exclusão
são enormes. Assim sendo, exige-se a quem decide uma ponderação criteriosa de
prioridades que proteja os cidadãos dos riscos de exclusão, em particular os
que se encontram em situações mais vulneráveis.
É verdade, todos o sabemos, que existe uma
minoria em Portugal, e não só, que atravessa os tempos de chumbo que vivemos, apenas
com ligeiros sobressaltos e sem especial inquietação.
No entanto, existem outras minorias que são, de
forma múltipla e acumulada, vítimas destes tempos carregando um fardo demasiado
pesado.
As pessoas com deficiência e as suas famílias
fazem parte desses grupos.
Amigo Zé Morgado: Tomei a liberdade de copiar o teu texto para aqui: http://cidade-inclusiva.blogspot.pt/. Agradecemos.
ResponderEliminarTudo bem Janeiro, um abraço
ResponderEliminarA justiça só é conseguida com rigorosos critérios de igualdade.
ResponderEliminarUm bem-haja ao Senhor Professor por neste caso concreto abordar uma injustiça iminente.
Também tomei a liberdade de transcrever seu texto e enviar via email para todos meus contactos.
Se esta minha atitude carecer de pedido de desculpa, recebe-as da minha parte carregadas de humildade.
VIVA!