AS MINHAS CONVERSAS POR AÍ

segunda-feira, 9 de setembro de 2013

JÁ NÃO AGUENTO, ACABOU-SE. TUDO

A Direcção-geral de Saúde irá promover durante o próximo ano lectivo em várias escolas do país um projecto de prevenção do suicídio dirigido a adolescentes. As taxas de suicídio em Portugal não é muito alta, embora um só caso já seja uma tragédia. No entanto, os comportamentos de natureza auto-destrutiva são bem mais prevalentes do que se pensa. Em algumas circunstâncias, mais tarde estes comportamentos podem culminar em suicídio.
Os comportamentos autodestrutivos em adolescentes são mais frequentes do que muitas vezes pensamos. Alguns estudos realizados em Portugal referem, provavelmente com alguma surpresa, que 15.6 % dos adolescentes inquiridos, com catorze anos de idade média, afirmaram ter-se magoado de propósito mais do que uma vez nos últimos doze meses à data do estudo. Alguns estudos internacionais apontam para cerca de 10% da população em idade escolar com comportamentos de auto-mutilação pelo que os dados encontrados em Portugal são, de facto, preocupantes.
Exige-se pois, uma enorme atenção aos miúdos e ao seu funcionamento. Este quadro é um indicador do mal-estar que muitos adolescentes e jovens sentem. Em muitas situações não conseguimos estar suficientemente atentos. "Há um ano que nos apercebemos de que as crianças gozavam com as orelhas do Rafael, mas pensávamos que era uma situação resolvida. É de lamentar, sinceramente. Ele era um menino querido", palavras de uma professora da escola de um menino que se suicidou, citadas na imprensa.
Acontecem com alguma frequência situações de sofrimento com as mais diversas origens, relações entre colegas, bullying por exemplo, ou relações degradadas em família que facilitam a instalação de sentimentos de rejeição, ausência de suporte social, facilitadoras de comportamentos autodestrutivos. Começa também a emergir como causa deste mal estar a dificuldade que algumas crianças e adolescentes sentem em lidar com situações de insucesso escolar. Esta dificuldades são frequentemente potenciadas pela pressão das famílias e pelo nível de competição que por vezes se instala.
Depois das ocorrências torna-se sempre mais fácil dizer qualquer coisa mas é necessário. Muitas crianças e adolescentes evidenciam no seu dia a dia sinais de mal-estar a que, por vezes, não damos atenção, seja em casa, ou na escola, espaço onde passam um tempo enorme.
De facto e na maior parte dos casos, designadamente, nas tentativas de suicídio, pode ser possível perceber sinais e comportamentos indiciadores de mal-estar. Estes sinais não podem, não devem, ser ignorados ou desvalorizados.
O resultado pode ser trágico.

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