A ONG Oxfam considera no seu último Relatório que de uma forma geral
as políticas de austeridade estão a gerar mais pobreza, sublinhando o caso de
Portugal como exemplo de que as políticas seguidas beneficiam grupos sociais mais favorecidos e aumentam significativamente as
desigualdades.
A persistência cega e surda no “custe o que
custar", no cumprimento dos objectivos do negócio com a troika e dos
objectivos da sua própria política "over troika", atingiram
claramente o limite do suportável afectando gravemente as condições de vida que
muita gente está enfrentar. Estamos a falar de pessoas, não de políticas, ou
melhor estamos a falar do efeito das políticas na vida das pessoas.
Parece de relembrar que um estudo de 2011 da
insuspeita, nesta matéria, Comissão Europeia que analisou a distribuição dos
efeitos dos programas de austeridade, os países que experimentam maiores
dificuldades, Portugal, Grécia, Espanha, Irlanda, Estónia e Reino Unido,
conclui que Portugal "é o único país com uma distribuição claramente
regressiva", traduzindo, os pobres estão a pagar mais do que os ricos
quando se aplica a austeridade. Pode ainda ler-se que nos escalões mais pobres,
o orçamento de uma família com crianças sofreu um corte de 9%, ao passo que uma
família rica nas mesmas condições perdeu 3% do rendimento disponível.
Portugal é ainda o único
país analisado em que "a percentagem do corte (devido às medidas de
austeridade) é maior nos dois escalões mais pobres da sociedade do que nos
restantes". A Grécia, que tem tido repetidos pacotes de austeridade,
apresenta uma maior equidade nos sacrifícios implementados.
Este dado parece-me extremamente relevante para
se perceber o quanto é insustentável a persistência neste caminho e no apregoar
de que existe equidade na repartição dos sacrifícios, entendimento que, creio,
ninguém na sociedade portuguesa consegue honestamente sustentar.
Na verdade, o caminho decidido, por escolha de
quem o faz, é bom registar que existem alternativas, está a aumentar assimetrias
sociais e certamente produzir mais exclusão e pobreza. Mais preocupante é a
insensibilidade da persistência neste caminho.
É evidente que não existe equidade na repartição
dos sacrifícios como relatório da Oxam evidencia. Para além de contrariar o discurso oficial de que existe
justiça social nas medidas de austeridade, o que a notícia tem de mais
preocupante é a constatação de que as políticas assumidas, por escolha de quem
decide, estão a aumentar as assimetrias sociais, a produzir mais exclusão e
pobreza.
Também sei, sabemos todos, que os mercados não
têm alma nem ética mas a liderança que transforma é uma liderança com
responsabilidade social e com sentido ético.
Não basta proclamar equidade e
justiça, é preciso promovê-las, mesmo.
os ricos cada vez mais ricos e os pobres mais pobres. cada vez mais!
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