AS MINHAS CONVERSAS POR AÍ

quarta-feira, 17 de julho de 2013

O MEU AMIGO CAJÓ E A CRISE

Um dias destes pelo fim da tarde e dado o calor marquei encontro com uma "imperial" bem fresca no café do costume. Ao entrar deparei com o meu amigo Cajó que tinha tido a mesma ideia. Já vos tenho falado do Cajó, um rapaz amigo que é mecânico e tem uma paixão pelo "chunning", o "tunning" de quem não tem muito dinheiro. É o caso do Cajó, que apesar das dificuldades tem um Punto kitado que é a menina dos seus olhos e cujo som é o terror dos meus ouvidos.
Olhó amigo Zé, chegue-lhe que tão mesmo fresquinhas, disse à laia de cumprimento apontando para duas "mines" que estavam à sua frente.
Tudo bem Cajó, foi para isso que entrei, mas você já leva avanço, tenho que recuperar. Tudo bem consigo.
Pá, vai-se vivendo, tá uma cena mesmo tramada. Lá em casa a minha Odete já não tem subsídio de desemprego e agora os bacanos lá do Centro de Emprego dizem que não há guito para umas cenas de formação, assim tipo cursos, que ela ia fazendo e sempre davam algum. Não tá fácil, c'os miúdos na escola, material que nunca mais acaba. Tive sorte que lá na escola ainda deram uma ajuda nos livros mas é tudo caro e um tipo quer ajudar os putos, tá a ver. Aqui na oficina, o patrão tá também arrasca para fazer algum que dê para pagar à gente. O pessoal corta-se, deixam as pastilhas chegar ao ferro, só querem dar um jeito carros para tipo, safarem-se na inspecção, alguns ainda ficam a dever e o patrão tem que andar atrás deles. Não há biscates nenhuns p'ra me safar, ainda sacava algum guito assim para umas cenas tipo fixe para meter no carro. Quase não ando com ele para não gastar gasolina. Tamos feitos amigo Zé, tamos feitos.
É verdade Cajó, a coisa não está fácil mas temos que ser optimistas.
Isso é tanga amigo Zé, os gajos tiram sempre aos mesmos, os gajos pensam tipo, sacar mais impostos é fácil, fica logo lá. Dizem que é aquela cena da troika que manda mas é os gajos é que decidem. Depois ainda arranjam um granel do caraças, com cenas, depois vêm outros e fazem a mesma coisa. Isto não muda. Há bocado, ao almoço, tava a ouvir na televisão os gajos andam lá na conversa a ver se arranjam assim tipo um acordo para se entenderem. Os gajos entendem-se sempre, a gente é que se lixa. Sabe o que lhe digo?
Diga lá.
A gente é que se devia entender para correr com estes bacanos.
Paguei as quatro "mines" e saí a pensar no "compromisso de salvação nacional" proposto pelo Cajó.

2 comentários:

  1. não sei quem sou...18 de julho de 2013 às 10:29

    Ao extenso e profundo conhecimento das coisas chama-se SABEDORIA POPULAR.

    A opinão do seu amigo Cajó é um óptimo exemplo disso.

    Força Cajó, divulga a tua solução e arregimenta bacanos com as mesmas ideias !


    VIVA!

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  2. Cajó, a gente não somos máquinas.

    Abraço
    António Caroço

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