AS MINHAS CONVERSAS POR AÍ

sexta-feira, 26 de julho de 2013

ERGAMOS O COPO PELA SAÚDE DA NOSSA DEMOCRACIA

Em Janeiro, uma Senhora Deputada do parlamento português foi apanhada com uns copitos a mais ao volante em noite de aniversário. A Senhora Deputada mostrou-se obviamente arrependida de ter conduzido sem se aperceber que a taxa de álcool era tão elevada. Até aqui nada de estranho, acontece a qualquer um, quase.
A Senhora Deputada dispôs-se naturalmente a sofrer as consequências da sua falha, por assim dizer, mas não viu razão para renunciar ao mandato de deputada embora tenha pedido a saída da Comissão Parlamentar de Ética onde estava, disse em entrevista, sem grande motivação. Até aqui nada de estranho.
Num país que teve o "Dr." Relvas como Ministro, o Dr. Dias Loureiro como Conselheiro de Estado, o Dr. Isaltino como Presidente de Câmara,  o Dr. Duarte Lima como ilustre deputado, a Dra. Fátima Felgueiras como autarca tal como o Major Valentim Loureiro, etc., etc, não percebi, confesso, o alarido com os copitos da Senhora Deputada.
A Senhora fez muito bem em comemorar o aniversário, é certo que poderia ter sido mais frugal na bebida, mas não tem que renunciar ao mandato, já teve colegas de Parlamento com currículos bem mais pesados em matéria de, por assim dizer, condutas impróprias.
A Senhora Deputada conheceu agora a sentença do seu ingénuo deslize, um copinho a mais em dia de aniversário, multa e inibição e conduzir. Um exagero, acho eu.
Mantenha-se como deputada, precisamos de bons exemplos de pessoas que assumem a condição de humanos com as suas fragilidades e assumem as responsabilidades pelos seus actos.
Aliás, estes bons exemplos podem ser enquadrados na análise de António Barreto que afirma injustamente que os políticos portugueses “exigiram à população enormes sacrifícios”, mas, chamados a negociar, “foram incapazes de fazerem, eles próprios, o sacrifício dos seus interesses”, os interesses partidários. Deste procedimento recorrente resulta uma sociedade descrente e desconfiada dos políticos e dos partidos.
Ergamos, pois, um copo num voto pela saúde da nossa democracia.

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