Ao que tudo indica e a Troika
obriga, Cavaco Silva vai considerar irrevogável o Governo da coligação PSD e CDS-PP e aceitará a sua
continuidade com os ajustes que a jogada do Irrevogável Portas impôs e que um
entalado Passos Coelho foi obrigado a aceitar.
Mantém-se, portanto, a
irrevogável trajectória de uma política de empobrecimento e de impacto
recessivo.
É certo que a retórica mudou um
pouco, o mantra passou a ser o crescimento. Todos os discursos políticos se
centram agora no crescimento, no relançamento do crescimento, nas políticas de
crescimento, na retoma do crescimento,
...
Esta atitude parece de uma
ingenuidade extraordinária, assenta na ideia de que se falarmos muitas vezes de
algo, esse algo ganha existência.
A continuidade do Governo assenta
na ideia de uma imprescindível estabilidade política. Como é óbvio, não creio
que exista alguém que sustente a instabilidade política como um bem. Mas a
questão central, do meu ponto de vista, é que a estabilidade assenta em
políticas sólidas, claras e transparentes, sérias e credíveis, com visão,
viradas para as pessoas. Estas características, entre outras é que dão
estabilidade, segurança, confiança, às pessoas.
Por outro lado, a estabilidade
não é a manutenção de pessoas e de políticas que têm falhado, nacional e
internacionalmente, como alguns dos autores principais reconhecem e os
resultados conhecidos atestam, não é a falha sucessiva de previsões e
objectivos, não é um permanente jogo de interesses e de gestão dos poderes
pessoais e partidários. A estabilidade não pode assentar na pobreza, exclusão e
desemprego crescentes. A estabilidade não se alimenta da desesperança que nos
invade. Tudo isto é que verdadeiramente constitui a instabilidade.
Assim, paradoxalmente, em nome da
estabilidade prolonga-se e sustenta-se a instabilidade.
Até quando?
Não sou politólogo profissional nem tão-pouco amador, mas gosto de formar opinião mesmo que seja com fundamento incerto.
ResponderEliminarQuer-me parecer que o ENTALADO foi o sr. Portas.Senão vejamos: Antes o Ministro dos Negócios Estrangeiros estava em posição confortável e perfeitamente á-vontade para discordar das medidas de austeridade mais gravosas e com isso granjear simpatias (votos) e assim lá ia fazendo a sua campanha eleitoral para o caso do cenário político descambar para a dissolução da Assembleia da Républica
Agora ganhou poderes mas está preso pelos tintins, porque a batata quente, ou seja, a coordenação das negociações com a Troika e a reforma do Estado (os famigerados cortes obrigatórios de 4,5 mil milhões de € nas despesas), cuja fatia de leão será na saúde, educação,pensões, reformas e ordenados de funcionários públicos incluindo despedimentos é de forma substancial de sua responsabilidade.
A campanha eleitoral enquanto governante finou, porque vai cair-lhe em cima o ónus de grande parte da austeridade que forçosamente têm que desabar em cima do Zé-povinho.
Embora não pareça, quem ficou a ganhar foi o COELHINHO que paulatinamente vai roendo a sua cenoura até ao fim da legislatura.
VIVA!