AS MINHAS CONVERSAS POR AÍ

domingo, 5 de maio de 2013

"TEM SORTE EM SER DEFICIENTE, SE NÃO FOSSE ISTO NÃO FICAVA ASSIM"

Este fim de semana num encontro em torno das questões da cidadania, um dos presentes, que se desloca em cadeira de rodas, contou uma história interessante e elucidativa.
Ao deslocar-se de automóvel para uma zona comercial da cidade alentejana onde vive e quando se preparava para estacionar no espaço reservado a pessoas com deficiência, estava a estacionar um cidadão sem deficiência a quem o nosso amigo chamou a atenção para a sua condição e para o facto de aquele ser um espaço reservado.
Sintetizando a história, acabou por ouvir do "cidadão" que "tinha sorte em ser deficiente porque se o não fosse as coisas não ficavam assim". Esclarecedor.
O meu amigo, homem que entende não dever resignar-se procurou um agente da autoridade para apresentar queixa da ameaça e da infracção.
O agente da autoridade aconselhou o nosso amigo a não se "chatear" só por um causa de um lugar de estacionamento. O nosso amigo não aceitou o conselho e continuou a reclamar os seus direitos. Acontece que é brasileiro e o agente da autoridade acabou por achar que ele devia era estar no país dele em vez de andar por aqui a chatear cada um.
Creio que é dispensável comentar quer a atitude do "cidadão", quer a atitude e comportamento do "agente da autoridade".
Por este tipo de coisas e a regularidade com que acontecem, o nosso amigo que usa a cadeira de rodas dizia que mais do que o "peso" da cadeira de rodas é difícil suportar as dificuldades criadas pelas atitudes e valores de muitas pessoas.
É só um exemplo do muito que está por fazer.

2 comentários:

  1. Os locais reservados a cidadãos com deficiência não têm escrito "Reservado a cidadãos estúpidos", ainda que alguns insistam em estacionar...

    ResponderEliminar
  2. Uma vez, no parqueamento subterrâneo de um hipermercado, estacionei no lugar reservado a pessoas com deficiência, sem reparar. Quando saí do carro, dei por isso (pela cor do chão) e voltei a enfiar-me no carro para o tirar dali. Estacionei logo a seguir e atrás de mim alguém repetiu o erro que eu havia feito. Senti-me na obrigação de advertir esse condutor mas a resposta que me deu foi a seguinte: "Deficientes? Vê aqui algum?" Contra-argumentei até me irritar e acabei por seguir o meu caminho, com o sujeito a resmungar atrás. À entrada do hipermercado, denunciei a situação ao segurança, que me respondeu que isso era o costume, mas infelizmente não podia sair dali, porque estava sozinho.
    É só cidadania!

    ResponderEliminar