Este fim de semana num encontro
em torno das questões da cidadania, um dos presentes, que se desloca em cadeira
de rodas, contou uma história interessante e elucidativa.
Ao deslocar-se de automóvel para
uma zona comercial da cidade alentejana onde vive e quando se preparava para
estacionar no espaço reservado a pessoas com deficiência, estava a estacionar
um cidadão sem deficiência a quem o nosso amigo chamou a atenção para a sua
condição e para o facto de aquele ser um espaço reservado.
Sintetizando a história, acabou
por ouvir do "cidadão" que "tinha sorte em ser deficiente porque
se o não fosse as coisas não ficavam assim". Esclarecedor.
O meu amigo, homem que entende
não dever resignar-se procurou um agente da autoridade para apresentar queixa
da ameaça e da infracção.
O agente da autoridade aconselhou
o nosso amigo a não se "chatear" só por um causa de um lugar de
estacionamento. O nosso amigo não aceitou o conselho e continuou a reclamar os
seus direitos. Acontece que é brasileiro e o agente da autoridade acabou por
achar que ele devia era estar no país dele em vez de andar por aqui a chatear
cada um.
Creio que é dispensável comentar
quer a atitude do "cidadão", quer a atitude e comportamento do
"agente da autoridade".
Por este tipo de coisas e a
regularidade com que acontecem, o nosso amigo que usa a cadeira de rodas dizia
que mais do que o "peso" da cadeira de rodas é difícil suportar as
dificuldades criadas pelas atitudes e valores de muitas pessoas.
É só um exemplo do muito que está
por fazer.
Os locais reservados a cidadãos com deficiência não têm escrito "Reservado a cidadãos estúpidos", ainda que alguns insistam em estacionar...
ResponderEliminarUma vez, no parqueamento subterrâneo de um hipermercado, estacionei no lugar reservado a pessoas com deficiência, sem reparar. Quando saí do carro, dei por isso (pela cor do chão) e voltei a enfiar-me no carro para o tirar dali. Estacionei logo a seguir e atrás de mim alguém repetiu o erro que eu havia feito. Senti-me na obrigação de advertir esse condutor mas a resposta que me deu foi a seguinte: "Deficientes? Vê aqui algum?" Contra-argumentei até me irritar e acabei por seguir o meu caminho, com o sujeito a resmungar atrás. À entrada do hipermercado, denunciei a situação ao segurança, que me respondeu que isso era o costume, mas infelizmente não podia sair dali, porque estava sozinho.
ResponderEliminarÉ só cidadania!