AS MINHAS CONVERSAS POR AÍ

domingo, 12 de maio de 2013

O MUNDO DOS PALPITÓLOGOS

O Público apresenta um trabalho interessante que intitula "O império dos comentadores onde quem manda são os políticos" centrado na actividade de comentador na comunicação social, sobretudo na televisiva, a que muita gente com passado, presente e futuro no mundo da política se dedica.
Na verdade, nos últimos anos, a comunicação social, nos seus diferentes suportes, tem sido invadida por uma onda de palpitólogos, opinadores "tudólogos", isto é, opinam sobre tudo e mais alguma coisa. Muitos destes palpitólogos possuem um passado longo em funções políticas e assumem tranquilamente uma visão muito clara sobre tudo o que deve ser feito e como deve ser feito, mas que quando tiveram responsabilidades não realizaram, ou seja, “sei muito bem o que deveria ser feito, mas quando fui ministro esqueci-me” o que, obviamente, não se estranha em muitos destes palpitólogos.
Acontece ainda que boa parte deste pessoal assume este papel de palpitólogo ao serviço das omnipresentes agendas partidárias ou pessoais, o que não sendo grave, deveria ser claro. Daqui decorre que muitos não têm qualquer coisa de relevante a dizer para além do óbvio e da cartilha pessoal, quase sempre disse, também, partidária. Esta actividade tem ainda a vantagem de constituir uma fonte de rendimento significativa com custo de produção praticamente zero, nem estudar precisam, basta opinar.
Em Portugal, confunde-se de forma frequente comentar em espaço público com dizer “umas coisas” sobre um qualquer assunto que esteja na agenda. Comentar em espaço público e acrescentar massa crítica à análise da realidade, não porque detenham a verdade ou o saber, mas porque acrescentam qualidade à reflexão ou informação, pressupõe conhecimento e estudo que muitos dos palpitólogos não têm sobre muitos dos assuntos de que falam, refugiando-se em exercícios de futurologia, em retóricas sem substância ou em discursos de manipulação e demagogia.
De forma despudorada emitem com ar sério opiniões travestidas de análise e que entendem como saber, tudo isto servido muitas vezes por um enorme umbiguismo.
Estranhamente, boa parte da comunicação social, num enjeitar das responsabilidades que lhe cabem, não prescinde desta fauna e disputam a sua presença, pagando bom preço, numa tentativa de vender o melhor produto possível que nas mais das vezes é contrafeito, é de plástico, independentemente do que as audiências possam dizer.
Que cansaço.
Isto é, naturalmente, um desabafo do palpitólogo que habita este espaço.

1 comentário:

  1. não sei quem sou...12 de maio de 2013 às 18:47

    Uma magistral leitura do problema.

    Uma admirável e honesta utilização da expressão latina MEA CULPA.

    VIVA!

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